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Colônia de Sacramento preserva história às margens do Prata

Palco de conflito no passado, cidade colonial uruguaia tem galerias, pousadas e restaurantes

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Colônia de Sacramento

Enquanto transita pelo casario histórico colonial, um casal de brasileiros mira o rio da Prata ao fim de ruelas iluminadas por lamparinas. Ele descreve o lugar como um quê da mineira Tiradentes em meio à brisa da fluminense Paraty. Para ela, a cidade histórica uruguaia, inserção portuguesa em ambiente espanhol, tem o seu próprio charme.

A marca portuguesa está impressa logo na Porta do Campo, de 1745, com seu conjunto formado pela ponte, pelo fosso, por pilares e muralhas, que abrigam o centro de interesse histórico e seus casarões.

Turismo | Cidade de Colônia do Sacramento
Cidade de Colônia do Sacramento, no Uruguai - Roberto de Oliveira/Folhapress

Fundada por Manuel Lobo, governador português do Rio de Janeiro, em 1680, a cidade atravessou parte de sua história entre capturas e reconquistas por espanhóis e portugueses. Em 1825, independente, tornou-se uruguaia.

Geograficamente, fica num ponto estratégico. Está a quase 180 km de Montevidéu, duas horas de carro, ou a uma hora e meia de ferryboat de Buenos Aires, que, diariamente, envia um bocado de turistas bate e volta àquela que é a cidade mais antiga do Uruguai.

Banhada pelo rio da Prata, Colônia foi declarada, em 1995, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Charmoso, tranquilo, com um pouco mais de 26 mil habitantes, o município é embalado por uma atmosfera propícia para curtir a dois, tanto assim que é um dos lugares mais procurados para celebrar casamento e lua de mel.

O convite a quem chega é se perder por seus becos, percorrendo bares e cafés, à procura do melhor ângulo para enquadrar o rio nesse cenário.

Arborizadas, as ruas tornam-se passarela para se desligar do frenesi do dia a dia e conectar-se à história, longe da realidade cambiante dos grandes centros urbanos.

As ruínas do convento de São Francisco são um exemplo para essa pausa. Em meio a edificações em pedra nas ruas mantidas em formato original, canhões, herdados do período colonial, hoje estão ali para enfeitar as calçadas.

De costas para o rio, o que se destacam são as torres gêmeas da Igreja da Matriz. Dentro, seu interior é ornado com arcos e colunas. A estrutura original remonta a 1680, embora a edificação tenha sido reconstruída em diferentes ocasiões ao longo do século 19.

Tipicamente uma rua portuguesa, com certeza, a "calle de los Suspiros" é uma das que mais atraem os visitantes, não só pela sua singeleza, mas também devido a lendas que orbitam o imaginário popular.

Contam, por exemplo, que a origem do seu nome vem da perambulação de marinheiros que buscavam por lá sexo e prazer em prostíbulos antes de encarar a viagem de volta pelo Prata —sempre ele.

Dali, uma dica é seguir em direção ao farol, subir as escadas e apreciar a vista do alto.

Tem gente que se prende a um único de dia de passagem. É injusto, Colônia de Sacramento merece uma agenda mais flexível. Para mergulhar no clima bucólico do passado, o ideal é se hospedar por ali ao menos um par de dias.

Fora do centro histórico, Colônia também oferece espaços aprazíveis, sempre sombreados, como a avenida General Flores, com seus restaurantes, cafés, lojas, hotéis e pousadas. Fora do circuito mais turístico, na parte "nova" de Colônia, um casario dos anos 1930 e 1940 segue preservado.

Com tempo, há chance do visitante explorar praias nos arredores. Pertinho, a apenas 20 km, fica o balneário de Santa Ana, de areia branquinha e sombreada. A depender da maré, surgem até ondinhas, o que faz a gente se esquecer que a água dali é de rio, não de mar —fria, todavia.

Colônia, não a cidade, mas o departamento, é base do enoturismo. Vinícolas familiares e outras com cara de hotel butique ajudaram a nomear a cidade de Carmelo como a "Toscana da América Latina".

Para quem gosta de vinho, destaque para a uva tannat, e andar de bike, vale a pena esticar a viagem até lá. Com clima de campo à beira-rio, Carmelo é um refúgio romântico a uma hora de carro de Colônia.

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