Bonito, em MS, combina natureza exuberante, diversão e adrenalina

Na cidade repleta de trilhas e cacheiras, todo passeio termina com boa comida

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Mariliz Pereira Jorge
Bonito (MS)

Nada do que você já leu sobre Bonito é capaz de traduzir a beleza e a experiência de uma viagem a essa pequena cidade de Mato Grosso do Sul com fama de paraíso ecológico. Nada do que eu escreva aqui reflete a surpresa e o encanto de cada momento.

Há anos ouço falar de Bonito. Meu marido esteve lá a trabalho e voltou extasiado. Pensei, Ok, mais um lugar nesse Brasilzão lindo. Ele trouxe o assunto à baila algumas vezes, até que o destino chegou com um convite para Bonito e lá fui eu. Como não vim antes? Faltam palavras para descrever a natureza, os
passeios, a comida, a limpeza, a consciência ambiental.

Mulher olha para formação rochosa com água azul
Gruta do Lago Azul, com água que muda de tom de acordo com a luminosidade, uma das atrações de Bonito - Maycon Portilho/Divulgação

Quando estive lá, me senti na Nova Zelândia. Não pela paisagem, mas pelo respeito e pelo amor das pessoas pela região, pela harmonia entre a natureza e o turismo que se desenvolveu e, claro, porque é muito mais do que bonito.

Primeira coisa: há voos direito de São Paulo até o aeroporto da cidade —é o jeito mais prático de chegar até lá sem ter que passar pela capital do estado, Campo Grande, e enfrentar mais quatro horas de estrada. Há um porém, mesmo com o turismo bombando —são as condições do tempo que decidem se você pode chegar. Não há equipamentos modernos e os aviões dependem da meteorologia.

Acabaram as más notícias. Agora é só alegria e êxtase. Bonito é lugar para todo tipo de gente, com perfil variado, com mais ou menos disposição para aventura.

Por isso é essencial que você siga as sugestões das agências e dos guias. Não tente se meter num passeio em que tem que enfrentar uma trilha mais longa, subidas e decidas, se o seu joelho geme só de
olhar para um lance de escada.

Há programas para uma semana inteira. Todos os passeios devem ser reservados com antecedência por meio das agências credenciadas porque os destinos têm capacidade limitada.

Deixe em casa sapatos e sandálias de salto,. Eles só acabarão servindo para encher a mala, que precisa de lugar para algumas comprinhas. Leve roupa de banho e calçado esportivo para caminhada, dê preferência àqueles que enfrentam bem a água.

Mais: capa de chuva, toalha de secagem rápida, boné, muda de roupa leve e mochila pequena para carregar essa tralha toda, além de protetor de sol e repelente. Se você tiver uma boa capa de celular à prova d’água, garanto que não vai se arrepender. Acabei comprando numa dessa lojinhas das casas que servem de apoio para os passeios. Mergulhei com o aparelho sem medo. Mentira, foi com medo, mas deu tudo certo.

Tem mais boas notícias, tudo em Bonito acaba em comida. Trilha, comida. Mergulho, comida. Rafting, comida. E é sempre aquele refeição feita no forno à lenha, com gostinho de casa de avó e doce de leite de sobremesa.

À noite tem mais comida nos restaurantes no pequeno centro da cidade. Pacu, traíra, pintado, jacaré. Aproveite que assim eles não mordem. Aqui vai uma seleção do que vi e mais gostei.

Passeios

Eko Park Porto da Ilha
Quando vi o nome "parque", pensei em como fugir daquela experiência. Confesso que tirando os parques da Disney, tenho certo horror. Parece um programa mais família, mas todo marmanjo se diverte. Tem corredeiras animadas o suficiente para que sejam descidas em boias ou botes, e águas calmas para a prática de caiaque e stand-up paddle.

No Instagram: @ekoparkportodailha

Estância Mimosa
É a Disney das cachoeiras, um circuito com dez quedas com vários formatos e alturas, nove paradas para banho, incluindo um salto de um mirante para os corajosos —saltei com medo mesmo e não me arrependi. Algumas formam lagoas lindas, deliciosas para banho. A trilha não é pesada, mas precisa de um preparo físico mínimo e disposição para encarar a água gelada.

No Instagram: @estanciamimosa

Gruta do Lago Azul
Mesmo num dia de chuva, como foi o da minha visita, o lago dentro da caverna tem uma cor azul intensa, que muda de acordo com a luminosidade. Fósseis de animais foram descobertos dentro do lago, como do tigre-dente-de-sabre. Não dá para ver nada disso, mas só de saber que estão lá deixa o passeio mais bonito. Alívio de saber também que o local foi tombado pelo Iphan,
o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

No Instagram: @grutalagoazul

Lagoa Misteriosa
Depois de uma caminhada tranquila por uma trilha e uma escadaria com mirantes, a vista deslumbrante da lagoa fica alguns metros abaixo, escondida e desenhada pela natureza do entorno. Não se sabe a profundidade, mas a visibilidade é de 40 metros, o que possibilita, além da flutuação com snorkel, mergulhos com cilindro. É nesse cenário que é feita uma das fotografias mais icônicas de Bonito, repetida por todos os turistas. Eu, claro, fiz a minha.

No Instagram: @lagoamisteriosa

Recanto Ecológico Rio da Prata
É obrigatório. Confesso que achei que morreria de tédio ao descer um rio, boiando, durante três ou quatro horas. Foi ao contrário. Experiência única de contato com a natureza, em meio ao silêncio da mata e a exuberância do mundo submerso em água. Tem gente que tem a sorte de ver cobras e jacarés. Tive a sorte de não ver nenhum. O passeio é feito com roupa de borracha e snorkel, sempre com guia.

No Instagram: @riodapratarecantoecologico

Onde comer

Casa do João
Mistura de restaurante, loja e museu com comida caprichada. Para começar, iscas de pintado (R$ 70) ou casquinha de traíra (R$ 20). Aposte na moqueca da Vó Irene (R$ 255, quatro pessoas) como principal. Mas se você não gosta de música ao vivo, fique longe.

R. Nelson Felício dos Santos, 664-A. No Instagram: @casadojoaorest

Restaurante Juanita
Passei a vida enchendo a boca para dizer que não gosto de peixe de rio só para calar a boca com muito pacu feito na brasa (R$ 264,98, para quatro pessoas), o carro-chefe desse restaurante simpático e com cardápio caprichado. Jacaré crocante (R$ 64,87) e o bolinho de costela (R$ 54,83) estão entre as entradas.

R. Nossa Sra. da Penha, 854, Centro. No Instagram: @juanitarestaurante

Onde comprar

DiBonito Cachaça
Só a ida já é um programão porque os atendentes promovem uma degustação para mostrar tudo o que tem na loja. E tem para todos os gostos, puras e saborizadas com, por exemplo, fruta típica do cerrado. Trouxe uma extra premium, envelhecida 15 anos em barril de carvalho. Não entendo nada de cachaça, mas achei uma delícia. Assim como o licor de doce de leite —e eu nem gosto de doce. Um campeão de vendas é o licor de clitória, flor roxa que parece o que o próprio nome sugere, parte da genitália feminina.

R. 15 de Novembro, 862, Centro. No Instagram: @dibonitocachaca

Udu Cerâmica
Tudo feito à mão, com formas, cores e texturas inspirados na natureza exuberante da região. Voltei feito sacoleira do Paraguai, cheia de pratos, travessas, xícaras. Só depois descobri que eles mandam para todo o Brasil. Vale visitar o site.

R. Gal. Osório, 611. No Instagram: @uduceramica

A jornalista viajou a convite da Promenade Hotéis

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