Veja roteiro de viagem que une Chapada dos Veadeiros, Jalapão e Chapada das Mesas

Segundo maior bioma do país, cerrado oferece cachoeiras, rios, trilhas, banhos, aventuras e paisagens que valem pinturas

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Lagoa nas Serras Gerais, no estado de Tocantins

Lagoa nas Serras Gerais, no estado de Tocantins Venceslau Borlina Filho/Folhapress

Chapada dos Veadeiros (GO), Serras Gerais (TO), Jalapão (TO) e Chapada das Mesas (MA)

O cerrado brasileiro ostenta títulos grandiosos. É o segundo maior bioma do país, atrás apenas da amazônia, e também uma das savanas mais ricas do mundo. Ainda assim, é pouco visitado. No ano passado, por exemplo, o número de turistas que passaram pelo Jalapão, no Tocantins , foi seis vezes menor do que os visitantes de Bonito, em Mato Grosso do Sul, segundo os governos estaduais.

Região de inúmeras belezas naturais, o cerrado abriga destinos como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás; as Serras Gerais e o Jalapão, no Tocantins; e a Chapada das Mesas, no Maranhão.

Durante o mês de julho, a reportagem percorreu os quatro destinos. Foram incontáveis cachoeiras, rios, trilhas, banhos, aventuras e paisagens que parecem tiradas da tela de um computador.

O roteiro começa pela Chapada dos Veadeiros. Da vila de São Jorge, no distrito de Alto Paraíso de Goiás, principal cidade da região, o acesso à cachoeira do Segredo, uma das mais bonitas, fica mais perto.

A queda d’água tem cerca de cem metros. Junto dos paredões de pedra, ela parece estar em três dimensões. A estrada de terra até o local é compensada pela paisagem jurássica e pelo banho gelado.

Já no município de Cavalcante estão dois dos mais impressionantes atrativos da região: a cachoeira da Borda Infinita e a cachoeira do Rei do Prata. Para chegar a ambos é preciso de um veículo 4x4 e de um guia turístico credenciado. São cerca de 70 quilômetros de distância de Cavalcante, em estrada de terra, e mais 15, em média, de caminhada, somando ida e volta.

Antes de chegar à cachoeira da Borda Infinita e se deparar com o poço profundo de águas cristalinas, a vista para o penhasco e o vale, o turista pode se refrescar em diversas quedas d’água. Já a cachoeira do Rei do Prata leva esse nome não à toa. Encravada no paredão de pedra, ela reina no enorme poço de água verde-esmeralda, cercado da vegetação deslumbrante.

De Cavalcante, de carro, ou então de Teresina de Goiás, de ônibus, o turista pode chegar a Aurora do Tocantins, a primeira parada para a região das Serras Gerais, no Tocantins.

Turistas na cachoeira da Borda Infinita, na Chapada dos Veadeiros
Turistas na cachoeira da Borda Infinita, na Chapada dos Veadeiros - Venceslau Borlina Filho/Folhapress

No município, uma das principais atrações é o rio Azuis, considerado o menor rio do Brasil e da América Latina, e o terceiro do mundo, com 147 metros de extensão. A água cristalina e de temperatura elevada é um convite para o dia todo.

Subindo em direção ao norte está a cidade de Dianópolis, a que mais oferece estrutura para o turismo nas Serras Gerais.

Mas é no município vizinho, Rio da Conceição, que está um dos atrativos mais surpreendentes da região: a lagoa da Serra. O verde da vegetação contrasta com o azul da água, formando um cenário único. O acesso é difícil, mas nada que um bom motorista não resolva.

A cidade de Rio da Conceição também abriga a Fortaleza dos Guardiões, chamada de Capadócia do Tocantins. O conjunto de rochas de arenito tem vários formatos que lembram soldados e figuras religiosas.

Fortaleza dos Guardiões, nas Serras Gerais, estado do Tocantins
Fortaleza dos Guardiões, nas Serras Gerais, estado do Tocantins - Venceslau Borlina Filho/Folhapress

Elas são moldadas pelo vento e chuva, mas há evidências de que estão ali desde quando toda a região era coberta de água, há milhares de anos. O local guarda um belo pôr do sol.

Já no município de Almas, o cânion Encantado é o principal atrativo. O passeio inclui ainda a Cidade de Pedra e a cachoeira dos Pelados.

Para descer o cânion, é preciso preparo físico. Mas a boa estrutura, em escadas de metal, facilita. Lá embaixo, várias cascatas escorrem das veredas. Elas formam um pequeno poço se comparado com outros do cerrado, mas a beleza é ímpar.

Jalapão une banhos em cachoeiras e fervedouros incríveis

De Dianópolis, em menos de cinco horas de carro ou de ônibus se alcança Palmas, a capital do Tocantins. É dali que partem as centenas de expedições rumo ao Jalapão.

A primeira parada é na lagoa do Japonês. Mas vá com calma e, principalmente, com sapatilha aquática, porque as pedras no fundo da lagoa são afiadas e qualquer descuido pode fazer o passeio encerrar ali mesmo.

Adiante, o turista alcança as famosas dunas do Jalapão. De acordo com dados do Naturatins, a agência fiscalizadora do turismo no parque estadual, até junho deste ano, 24.123 pessoas visitaram o local. Em todo o ano passado, foram 47.871 turistas —o segundo maior número desde o início do levantamento, em 2012. O pico de visitantes foi registrado em 2021, com 58.644.

A areia de cor laranja que forma as dunas vem do processo de erosão da serra localizada ao fundo, trazida pelo vento. É proibido pisar à beira da duna, tampouco escorregar ou pular nelas. A explicação é para que a duna também não acabe se esparramando e assoreando riachos que têm no entorno.

Depois das visitas, a expedição pelo Jalapão é dedicada a banhos em cachoeiras e nos incríveis fervedouros.

Pedra furada, no Jalapão
Pedra furada, no Jalapão - Adobe Stock

A melhor cachoeira, sem dúvidas, é a do Formiga. A água é incrivelmente transparente. A incidência do sol deixa o poço ainda mais azul. Já os fervedouros são as atrações principais. A sensação de não afundar, em razão da pressão da água, é surpreendente.

O passeio termina com a visita à Serra da Catedral, uma das paisagens mais incríveis e que mais descrevem a região.

A serra forma um paredão idêntico a uma fachada de igreja. A parada é na estrada mesmo, com muitos arbustos e vegetação rasteira ao redor. A dica é aproveitar as camionetes 4x4 e fazer a foto no teto do veículo, no melhor estilo aventureiro.

Cruzando a divisa entre o Tocantins e o Maranhão está a cidade de Carolina (MA). Localizada às margens do rio Tocantins, a cidade oferece boa infraestrutura turística e os passeios mais surpreendentes do cerrado, a começar pelo nascer do sol no Portal da Chapada.

Ali perto está o complexo turístico da Pedra Caída, que guarda um dos maiores atrativos naturais do Brasil: a cachoeira do Santuário.

A queda d’água acontece entre paredões que lembram a parte interna de uma igreja. É um espetáculo da natureza. O local também tem outras cachoeiras, a da Caverna e do Capelão. O ponto negativo é o valor. Todo o passeio não sai por menos de R$ 165 por pessoa.

Mais em conta fica o passeio do Encanto Azul ou Poço Azul. Mas é no segundo empreendimento que encontramos outra maravilha do Brasil: a cachoeira Santa Bárbara.

É outro lugar de paisagem jurássica do cerrado brasileiro. As pontes suspensas dão ainda mais charme ao lugar, criando um cenário de filme.

Por fim, a Chapada das Mesas reserva ainda um notável encontro com a natureza. Na cachoeira São Romão, é possível caminhar por trás da volumosa queda d’água e sentir o spray d’água.

As andorinhas brincam de passar pela cachoeira. O atrativo ainda permite um refrescante banho de rio, além da contemplação da enorme cachoeira.

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