'O que vamos viver no domingo é um plebiscito, não uma eleição normal', diz Boulos

Deputado eleito pelo PSOL-SP esteve em programação ao vivo da TV Folha

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Giovanna Stael
São Paulo

Muita coisa mudou para Guilherme Boulos (PSOL-SP) desde a última eleição presidencial. Depois de ser candidato à Presidência em 2018, o professor e coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) enfrentou outra derrota em 2020, quando concorreu à prefeitura de São Paulo. Agora, o cenário é outro: Boulos foi eleito deputado federal como o mais votado do estado. Com 1.001.472 votos, ele puxou mais dois candidatos do PSOL para a Câmara Federal no próximo ano.

Para debater o momento político às vésperas do resultado da disputa presidencial e as expectativas para o trabalho no legislativo, o deputado eleito conversou com os repórteres Ricardo Balthazar e Tayguara Ribeiro nesta quinta (27), ao vivo pela TV Folha. Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado mais votado do país, também foi convidado, mas não respondeu ao convite da produção.

Como um dos coordenadores da campanha de Lula, Boulos foi questionado sobre a divulgação de uma carta reafirmando o compromisso fiscal num possível governo. Para o deputado recém-eleito, há uma cobrança injustificada, tendo em vista a experiência do ex-presidente. "Precisamos ter uma isonomia no critério de cobrança. Cobram de Lula um detalhamento econômico, um nome para ministro, e qual o programa que Bolsonaro apresentou para o Brasil?"

Segundo ele, a carta, a três dias do segundo turno, funciona para dar ainda mais segurança aos eleitores.

Numa análise sobre a formação do legislativo eleito, Boulos observa que, embora o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, tenha aumentado sua bancada, menos da metade é declaradamente bolsonarista –a maioria compõe o chamado "centrão". "Vai existir uma oposição mais raivosa, mas isso não significa inviabilidade na governabilidade, a esquerda também aumentou sua bancada."

Sobre o trabalho para o próximo ano, Boulos afirma que "será preciso reconstruir a governabilidade brasileira, implodida por Bolsonaro". Para isso, o deputado também conta com o peso que envolve a relação do legislativo com a sociedade civil que, para ele, deve se mobilizar em torno de pautas essenciais para a reconstrução do país, ajudando a pressionar certos setores.

Boulos ainda enfatiza o problema gerado pelo chamado orçamento secreto que, de acordo com ele, "impede o presidente eleito de colocar em prática seu plano de governo". O deputado diz que seu papel no Congresso será lutar pelo fim do esquema.

"O que vamos viver no domingo é um plebiscito, não é uma eleição normal", aponta, enquanto transparece otimismo para uma vitória de Lula.

Mesmo com esse resultado, o deputado afirma que "derrotar o Bolsonaro não significa derrotar o bolsonarismo", e que o país deverá lidar com uma disputa de valores nos próximos anos. "Individualismo ou solidariedade? Diversidade ou intolerância? Esses debates vão precisar ser feitos e serão o caminho de médio prazo para derrotar o caldo de violência construído no país."

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