Nos oceanos, há uma São Paulo de zonas mortas
Picture Alliance/AP | ||
Proliferação de algas no Lago Erie (EUA), em 2014 |
As chamadas zonas mortas dos oceanos –águas que, de tão desprovidas de oxigênio, não permitem a vida marinha– estão se espalhando. A última estimativa é de que haja 405 dessas áreas em todo o mundo, cobrindo 245 mil quilômetros quadrados, o equivalente ao estado de São Paulo ou ao território do Reino Unido.
Só no Golfo do México, uma zona morta teria atingido mais de 20,7 mil km² –a maior expansão já registrada na região. A zona morta do Mar Báltico, por sua vez, aumentou para 60 mil km² nos últimos anos. As áreas com escassez de oxigênio podem se desenvolver naturalmente, mas cientistas acreditam que a ação do ser humano desencadeia ou agrava o surgimento das zonas mortas.
A água excedente de irrigação de fazendas e de sistemas de esgoto, rica em nitrogênio e fósforo, pode estimular um desenvolvimento explosivo de algas.
E quando as algas morrem, decompõem-se, absorvendo oxigênio enquanto afundam.
No caso da zona morta do Golfo do México, os adubos e os fertilizantes usados na produção de enormes quantidades de milho e soja destinados à alimentação de animais são os maiores culpados pelo seu surgimento, segundo um relatório da organização ambiental Mighty Earth. O grupo apontou a Tyson Foods, a maior produtora de carne dos Estados Unidos, como um dos maiores vilões.
O aumento das temperaturas da água por causa das mudanças climáticas também está agravando o problema, dizem cientistas.
A expansão das zonas mortas é má notícia para a indústria da pesca e também pode afetar banhistas com o fechamento de algumas praias devido à poluição e ao mau cheiro.
O aumento das áreas sem oxigênio nos oceanos não é inevitável, segundo cientistas: a expansão anual da zona morta do Golfo do México poderia ser reduzida de forma significativa, por exemplo, com uma queda de 59% nas águas excedentes de irrigação despejadas no Rio Mississippi.
Porém, os especialistas alertam que medidas como essa vão requerer ações rápidas de legisladores e da indústria.
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