Saiba qual o papel que EUA, Rússia, Turquia, Irã e Arábia Saudita desempenham no conflito sírio
A guerra civil da Síria, agora em seu quinto ano, envolve múltiplos países com agendas sobrepostas e ocasionalmente conflitantes. Visões opostas sobre como administrar o conflito, que gerou uma crise mundial de refugiados e a ascensão do Estado Islâmico, dominaram as discussões na Assembleia-Geral da ONU esta semana. Mas a despeito de dias de reuniões e manobras diplomáticas, a crise só se intensificou. Abaixo, as posições de alguns dos principais agentes externos:
Estados Unidos
Senior Airman Matthew Bruch - 23.set.2014/AFP | ||
Caça F-15E da Força Aérea dos EUA voa sobre o Iraque após ter conduzido ataque a alvo do Estado Islâmico na Síria |
Apoiam: os elementos mais moderados entre as forças rebeldes da Síria.
Opõem-se: ao governo do ditador Bashar al-Assad, bem como ao Estado Islâmico e outras facções extremistas islâmicas.
Como estão combatendo: Os Estados Unidos lideram uma coalizão que está conduzindo ataques aéreos contra o Estado Islâmico e outros grupos extremistas no Iraque e Síria. Também vêm conduzindo um programa clandestino para treinar e equipar rebeldes sírios e um programa separado, do Pentágono, para treinar a oposição moderada síria a fim de que possa combater o Estado Islâmico. O programa do Pentágono não vem atraindo muitos recrutas.
Rússia
Apoia: Assad, o líder da Síria, o único aliado persistente da Rússia no Oriente Médio há décadas.
Opõe-se: ao Estado Islâmico, que conquistou a adesão de milhares de jovens russos. A Rússia teme o retorno de militantes radicalizados que passem a executar ataques em seu país de origem.
Como está combatendo: A Rússia há muito fornece armas à Síria, mas pilotos russos executaram seus primeiros ataques aéreos na Síria na quarta-feira (30), bombardeando uma área perto da cidade de Homs, no centro do país, de acordo com funcionários do governo norte-americano em Washington. Homs não está sob o controle da milícia radical. A Rússia deslocou equipamento militar —32 aviões, por exemplo— e soldados a uma base aérea síria perto de Latakia, nas últimas semanas, de acordo com os Estados Unidos, e drones (aeronaves não tripuladas) russOs vêm conduzindo voos de reconhecimento sobre áreas controladas pelos oponentes de Assad.
Turquia
Apoia: a coalizão liderada pelos Estados Unidos e, tacitamente, as forças rebeldes na Síria.
Opõe-se: principalmente ao governo Assad e aos grupos curdos aliados ao PKK, uma organização curda insurgente ativa na Turquia; nominalmente, também ao Estado Islâmico.
Como está combatendo: A Turquia iniciou uma campanha de ataques aéreos e incursões militares em julho, principalmente no norte do Iraque contra o PKK. Também permitiu que a coalizão liderada pelos Estados Unidos usasse bases aéreas em seu território. Desde o começo do conflito, a Turquia permitiu que combatentes e suprimentos percorressem seu território para chegar aos grupos rebeldes sírios, e permitiu que alguns rebeldes se refugiassem em seu território.
Irã
Apoia: Assad e o governo sírio.
Opõe-se: aos insurgentes sunitas, ao Estado Islâmico e a outros extremistas sunitas.
Como está combatendo: O Irã é o mais firme aliado da Síria, e vem fornecendo apoio militar, armas, suprimentos, e assistência financeira desde o começo da guerra, em 2011. Em 2012, o Hizbullah, movimento controlado pelo Irã, enviou centenas de assessores militares para treinar as forças de Assad, e o Hizbullah se envolveu com toda a força na batalha para derrotar os rebeldes. Mas recentes capturas de território pelos rebeldes insurgentes sunitas e o Estado Islâmico enfraqueceram o Exército sírio, e há sinais de que o Irã está conservando seus recursos para defender os baluartes do governo, entre os quais a capital, Damasco, e áreas ao longo da fronteira libanesa e da costa do Mediterrâneo.
Arábia Saudita
Brendan Smialowski - 11.set.2014/Reuters | ||
Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reúne com o então rei saudita, Abdullah bin Abdul Aziz al-Saud, em palácio de Jidda; na ocasião, foi assinado um acordo de "campanha militar coordenada" contra o EI |
Apoia: diversos grupos rebeldes que combatem o governo sírio.
Opõe-se: a Assad e ao governo sírio.
Como está combatendo: Adel al-Jubeir, ministro do Exterior saudita, reiterou em Nova York terça-feira que não havia circunstâncias sob as quais seu país aceitasse um esforço russo para manter Assad no poder. Jubeir alertou que se um acordo para remover o líder sírio não fosse obtido, os embarques de armas e outras formas de assistência aos rebeldes da Síria seriam ampliados —e que a opção de ação militar para removê-lo continuava em aberto. Além de bancar e armar rebeldes na frente de batalha, a Arábia Saudita começou a conduzir ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria como parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos, um ano atrás.
Tradução de PAULO MIGLIACCI