Estímulo cerebral restaura movimentos em ratos paralisados
experimentos com ratos abriram a possibilidade de, no futuro, restaurar alguma forma de mobilidade a pacientes paralisados devido a danos na medula espinhal. Em vez de tratar diretamente a medula, ou nervos e músculos, a técnica foi direto à fonte: estimulou eletricamente a região do cérebro ligada à locomoção.
E trata-se de uma região bem antiga do cérebro, que outros animais vertebrados também possuem, com anatomia semelhante --seja em um peixe, uma salamandra ou um cachorro. A "região locomotora mesencefálica" é uma espécie de centro de comando no cérebro ligada à rede de nervos voltados à locomoção.
A equipe de Lukas Bachmann, da Universidade de Zurique, Suíça, estimulou essa região em ratos com danos na espinha. Foram testados animais com diferentes graus de lesão; nos casos mais graves, os ratos foram observados na água, o que facilita a movimentação dos membros, driblando os efeitos da gravidade.
"Em lesões severas na medula espinhal, as vias enviando comandos motores para a medula espinhal são interrompidas, resultando em paralisia, mas muitos pacientes ainda têm um pequeno número de fibras poupadas. Nós descobrimos que a estimulação profunda do cérebro da região locomotora mesencefálica, um importante centro de controle para locomoção no cérebro, melhorou acentuadamente a função dos membros posteriores em ratos com medula espinhal danificada de modo crônico, severo, mas incompleto", escreveram os autores da pesquisa na atual edição da revista médica "Science Translational Medicine".
Ou seja, ter ainda fibras nervosas remanescentes foi importante para o estudo.
Outras terapias em estudo visam regenerar as fibras nervosas, algo que o próprio corpo tenta fazer por alguns meses. Se o estudo prosseguir a ponto de ser usado em seres humanos, poderia portanto valer mesmo em caso de lesões antigas.
Um motivo para otimismo foi um estudo recente que mostrou como a estimulação elétrica dessa região do cérebro melhorou a locomoção de pacientes com problemas neurológicos que afetam o modo de caminhar.
Os autores lembram que, apesar das grandes diferenças entre esses distúrbios e as lesões da medula espinhal, os resultados indicam a "viabilidade clínica" de uma terapia baseada na estimulação elétrica profunda do cérebro.
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