Na melhor hipótese, nível do mar em Santos subirá 18 cm até 2050
Não se trata de um cenário catastrofista, como o exibido pelo filme "O Dia Depois de Amanhã" (2004), onde a cidade de Nova York é quase totalmente inundada, mas um estudo inédito específico sobre a subida do nível do mar em Santos (SP) será apresentado hoje (30) a membros da sociedade local.
A cidade praiana terá que lidar com o aumento do nível do mar progressivo até 2100.
No cenário mais brando, o Atlântico deverá subir 18 cm até o ano de 2050. Há cenários mais graves, que serão detalhados pelos cientistas durante o evento.
Os dados saíram de um modelo matemático que processou por meses informações específicas de Santos, medidas por marégrafos ou por mapeamento aéreo.
O IPCC, um painel de cientistas mundiais que investiga as mudanças climáticas, tem uma previsão de que a subida média no nível dos oceanos em todo o mundo deve ficar entre 28 cm e 89 cm até 2100.
"Passou o momento da mitigação, agora temos que trabalhar com adaptação. Isso é praticamente consenso", afirma Eduardo Hosokawa, engenheiro que participa do estudo como membro da Prefeitura de Santos.
O desenho do estudo internacional, que ainda investiga duas cidades estrangeiras além de Santos, é inovador porque junta pesquisadores de institutos de pesquisa e universidades com o corpo técnico da prefeituras.
"Essa é a grande inovação. Os dados técnicos são apresentados ao mesmo tempo em que se discute políticas públicas", afirma Luci Nunes, do Instituto de Geociências da Unicamp, e uma das participantes da pesquisa.
Após a apresentação dos resultados, haverá, no fim do ano, outro seminário para ouvir a população sobre como preparar a cidade.
PONTA DA PRAIA
De acordo com a geógrafa Célia Souza, do Instituto de Geologia de São Paulo, outra autora do trabalho, as regiões da Ponta da Praia e a Zona Noroeste de Santos, perto do porto, serão as mais prejudicadas no caso de um aumento do nível médio do mar.
O grande culpado por essa aumento no nível do mar seria o aquecimento global, que ocorre em função da emissão de gases-estufa, como CO2, no mundo inteiro.
De acordo com Célia, nos últimos anos tanto a frequência quanto a intensidade das ressacas do mar santista estão maiores.
Em 2010, por exemplo, de acordo com o registro da pesquisadora, ocorreram 14 eventos de mar forte e alto na costa da cidade de Santos, número considerado inédito.
EROSÃO
Outro problema específico da região da Ponta da Praia de Santos é a erosão costeira, que também vem se agravando desde os anos 1940.
"Na época, as fotos mostram, havia praia na região, mas no local foi construída uma avenida, que alterou o perfil da área", afirma Célia.
Para proteger a cidade, uma das ações que podem ser feitas no futuro é a construção de anteparos móveis, dentro do mar, para evitar que o aumento das águas atinja ruas, prédios e casas.
Em terra, outras soluções práticas podem ser tomadas para que o prejuízo econômico dos moradores seja menor, como, por exemplo, a construção de prédios sem garagens subterrâneas, que são mais facilmente inundadas pela água do mar. Mas isso levaria de anos a décadas.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade