Trabalha como jornalista desde 1988. Em redações de jornais e revistas cariocas, foi repórter, redator, editor, colunista. Escreve às terças.
Todos têm uma solução para a violência no Rio, mas...
RIO DE JANEIRO - Havia —e em certas cabeças ainda há— o truísmo segundo o qual aquele que resolvesse o problema da violência no Rio podia se considerar o futuro presidente.
O esquema criminoso armado pelo ex-governador Sérgio Cabral previa esse tipo de trampolim político. (Imagine só do que escapamos.) Entre outras coisas, deu errado porque Cabral, que só pensava em meter dinheiro no próprio bolso, não prosseguiu com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Uma segunda fase do projeto —mais voltada para o lado social— garantiria à população das áreas de risco acesso à educação, saúde, saneamento, mobilidade, serviços básicos.
Pois o governo federal, de uma hora para outra, resolveu arrumar uma solução para o caos carioca. Mal escapou da denúncia por obstrução da Justiça e organização criminosa, Michel Temer promete combater o crime organizado e o narcotráfico e aumentar a vigilância nas fronteiras. Cabe perguntar por que não se mexeu antes. Talvez porque só agora o marqueteiro Elsinho Mouco tenha lhe garantido um milagre ainda maior: elevar a popularidade do presidente de 3% para 50% em seis meses. Só mesmo acabando com a violência no Rio. Ou tirando o Rio do mapa.
É difícil pôr panos quentes, como quer o governo, nas declarações de Torquato Jardim sobre os comandantes da PM "sócios do crime". Como dizem no país da máfia, "se non è vero... è ben trovato".
Políticos fluminenses reagiram no estilo garganta, acusando o ministro da Justiça de ofender "a honra" do Estado e blá-blá-blá. Logo em seguida, o comando da Polícia Militar exonerou seis oficiais da Corregedoria. A equipe estava batendo recordes: de junho a setembro, foram presos 62 PMs —um aumento de 588% no número de prisões em comparação ao trimestre anterior. O governador Pezão nem pigarreou para dar alguma explicação.
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