É crítico da Folha e autor de cinco livros, entre eles "Pavões Misteriosos - 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil" (Editora Três Estrelas). Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Acepipes em Copacabana
Se você foi ao Rio de Janeiro para o Carnaval e resolveu esticar por lá, pode aproveitar e conferir outra maravilha da cidade, além do Pão de Açúcar, do Cristo Redentor e das mulatas que não estão no mapa: a Adega Pérola.
O botecão está há 56 anos no bairro de Copacabana, na rua Siqueira Campos, e pouco mudou desde a fundação.
Voltei lá depois de uns cinco anos sem aparecer, com um pouco de receio do que iria encontrar, já que o local estava com outro dono. Para nossa alegria, nada parece ter mudado.
Nenhum traço de "modernidade" atormenta o local: não há TVs de plasma ou garçons com palmtop.
Há alguns anos, depois da morte do último dono original do boteco, um grupo de antigos frequentadores comprou o local e teve a sensibilidade de não mexer em nada. Parabéns para eles.
A Adega Pérola é antigo reduto de boêmios e sambistas cariocas. Nelson Cavaquinho, um homem que entendia de cerveja como poucos, era frequentador, o que dá uma ideia da qualidade e temperatura da bebida do local.
O forte da casa são os petiscos. Há os tradicionais: torresmo frito, linguiça calabresa, queijos, azeitonas, tremoços, frango à passarinho e batata calabresa.
Mas o melhor da Adega Pérola são os acepipes do mar: sardinhas escabeche, ovas fritas, atum marinado, bolinhos de bacalhau, camarões, polvo à vinagrete, lulas, mexilhões... Enfim, uma infinidade de delícias.
A exemplo de outros botecos consagrados do Rio, a Adega Pérola costuma ficar lotada, especialmente no fim de tarde. Uma boa opção, curiosamente, é ir na hora do almoço. Fui num sábado ao meio-dia e estava bem tranquilo.
Na mesa ao lado, turistas cearenses, visitando o Rio pela primeira vez, se esbaldavam com os bolinhos de bacalhau, o caldinho de feijão, o chope gelado e o tradicional alho no azeite, receita famosa do lugar.
Quando perguntei se estavam gostando da visita, um deles disse: "Isso aqui é bom demais da conta".
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