Jornalista, assina a coluna Brasília. Na Folha, foi correspondente em Londres e editor interino do 'Painel'.
Menino de ouro
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O deputado Alexandre Baldy, novo ministro das Cidades |
BRASÍLIA - Deputado do centrão, pupilo de Eduardo Cunha, citado na Lava Jato. Com este currículo, Alexandre Baldy já poderia reivindicar um ministério no governo Temer. Suas credenciais não terminam aí. Ele também ostenta o apelido de "menino de ouro" de Carlinhos Cachoeira.
A alcunha se tornou pública em 2012, quando uma CPI investigou o bicheiro acusado de comandar o crime organizado em Goiás. Baldy era secretário no governo de Marconi Perillo, o favorito de Aécio Neves para assumir a presidência do PSDB.
O relatório da comissão foi categórico: "Baldy, conquanto não tenha agido com a mesma desenvoltura com que atuaram outros secretários do Estado de Goiás em prol dos interesses da organização criminosa chefiada por Carlos Cachoeira, prestou relevantes serviços à quadrilha".
Num acordão para blindar dezenas de políticos, o texto foi despachado ao arquivo. A CPI terminou em pizza, mas produziu um flagrante histórico. O SBT filmou o celular de Cândido Vaccarezza quando ele enviava um torpedo tranquilizante a Sérgio Cabral: "Não se preocupe. Você é nosso e nós somos teu [sic]".
Cachoeira foi preso nas operações Monte Carlo e Saqueador. Cabral e Vaccarezza foram presos na Lava Jato. Baldy teve mais sorte. Nesta quarta-feira, assinará o termo de posse como ministro das Cidades.
O novo inquilino da Esplanada deve a indicação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Sua escolha também representa uma vitória do centrão. Viciado em cargos, o grupo aproveitou a debilidade do governo para exigir a pasta que libera obras de saneamento e habitação.
Ao votar a favor do impeachment, Baldy citou a família, agradeceu a Deus e prometeu "ajudar o povo a limpar este país". Ele se elegeu pelo PSDB, passou pelo PTN e será ministro pelo PP. Herdeira da ditadura, a sigla lidera o ranking de investigados na Lava Jato. Agora contará com o menino de ouro numa das cadeiras mais cobiçadas de Brasília.
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