Começou a carreira nos jornais "Diário da Noite" e "Diário de S.Paulo". Chegou à Folha em 1984, onde foi repórter, redator, editor, secretário de Redação, diretor-adjunto de Redação, correspondente em Washington e ombudsman.
Falar é fácil, fazer nem tanto
Das 40 colunas que publiquei neste espaço, as que trataram de temas relativos a educação geraram maior número de reações positivas.
A mais recente questionava o quanto este jornal tem feito para estimular o hábito da leitura entre jovens além de publicar dois suplementos semanais dedicados um a crianças e outro a adolescentes.
Dezenas de leitores escreveram para comentar o assunto. Alguns, como Luiz Carlos Gonçalves, de Divinópolis, e Maria Marta Botelho, de Ribeirão Preto, relataram que usam a Folha como material didático em sala de aula, com resultados que consideram positivos.
Outros, como Orestes Romano, de Jundiaí, recordaram o tempo em que este jornal desenvolvia um projeto de cooperação com escolas e o avaliaram também como muito produtivo.
Tomei conhecimento que a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) coordena o trabalho de 64 diários brasileiros na cooperação com escolas. Em 2008, cerca de 67 mil professores e 1,8 milhão de alunos participaram dele.
A Folha não está entre esses jornais. Perguntei à sua direção por quê. Recebi a seguinte resposta: "Em anos anteriores [entre 1993 e 2005] o jornal organizou projeto de estímulo à leitura de jornal em escolas paulistanas, o Folha Educação. O projeto foi descontinuado a partir da avaliação de que necessitava de muitos ajustes para modernizar e ampliar o seu escopo. No momento, o jornal discute novas formas de encaminhar a questão e deve observar também a experiência acumulada pela ANJ".
Em 22 de abril de 2007, este jornal afirmou em editorial: "Falência do ensino exige de governo e sociedade reação vigorosa, com adoção e perseguição de metas realizáveis".
No primeiro dia de 2009, outro excelente editorial, ao tratar da reforma ortográfica, fez vigorosa defesa da "experiência da leitura sistemática e [d]a exposição constante a textos...".
Infelizmente, ele não faz o que recomenda ao governo e à sociedade. A cobertura de temas educacionais no jornal tem sido frágil, pelo menos desde abril de 2008, quando assumi este cargo.
Ele não lhes dá prioridade (como para saúde e ciência), cobra pouco das autoridades públicas responsáveis por eles, não investe em reportagens de fôlego sobre ensino.
Pior: não tem feito nada para incentivar a leitura em escolas, algo indispensável até mesmo em defesa de seu próprio interesse material imediato.
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