É membro da ABL. Começou sua carreira no jornalismo em 1952 no 'Jornal do Brasil'. É autor de 17 romances e diversas adaptações de clássicos.
Nunca mais
RIO DE JANEIRO - No último sábado, assisti ao jogo do Barcelona contra o Real Madrid. Apesar dos 4 a 0 do Barça, foi uma partida memorável, talvez a mais clássica do futebol mundial de hoje. Algumas observações de um amador: o melhor do Barcelona não é Messi nem Neymar. É o uruguaio Suárez. Seguido de perto pelo goleiro Bravo.
Uma consideração à parte: comparando o futebol espanhol com o brasileiro, o que mais me impressiona é o domínio da bola. No Brasil, o jogador dá um passe e a bola não chega ao companheiro. O time perde o controle do jogo, a bola sai pela lateral ou cai nos pés do adversário. Lembro a regra do folclórico Gentil Cardoso: "Quem se desloca recebe. Quem pede tem preferência".
Mudando de assunto. Genial a crônica do Artur Xexéo "Nunca mais", citando coisas e slogans que não mais existem. Lembrou a pasta de dente Kolynos, os aviões Electras da ponte Rio-São Paulo, o Príncipe veste hoje o homem de amanhã, um caderno escolar com o hino nacional na contracapa, uma miss usando maiô Catalina, uma cama Dragoflex, ninguém vende mais barato do que O Mundo das Louças.
Podia acrescentar à lista do Xexéo: a gaitinha do Ary Barroso, os conselhos do Júlio Louzada, a "ave-maria" de Gounod ao meio-dia nas estações de rádio.
Pensando no futuro, e por conta própria, nunca mais quero ler ou ouvir qualquer coisa sobre Eduardo Cunha, Lula, Dilma, os comentários do Caetano Veloso sobre o Oriente Médio, os anúncios das Casas Bahia, as listas dos melhores restaurantes publicada nos segundos cadernos dos jornais, os prognósticos dos cronistas políticos e esportivos. Abro exceção para as coxas da Cláudia Raia, os sambas do Cartola, o casamento dos homossexuais e os pasteis de camarão feitos pela minha cozinheira –os melhores do hemisfério sul, segundo o Ruy Castro.
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