Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Mundo Econômico - 21 de janeiro
PANORAMA MUNDO
A economia americana continua, no geral, mostrando sinais de melhora. Na semana que passou, dados de postos de trabalho dos Estados Unidos em novembro foram divulgados, e o número foi o maior desde março de 2008, com a criação de quase 4,5 milhões de novas vagas.
Isso mostra que o mercado de trabalho vinha se aquecendo no final de 2013 e fortalece as opiniões de que dezembro foi um mês excepcionalmente ruim para o mercado de trabalho.
Além disso, a produção industrial dos EUA avançou pelo quinto mês consecutivo em dezembro, crescendo 0,3%, após ter crescido 1% no mês anterior. Já na zona do euro o dado de dezembro ainda não foi divulgado, mas, em novembro, a produção industrial avançou 1,8% após queda de 0,8% em outubro.
Por outro lado, nas construções de casas nos EUA houve queda de 9,8% em dezembro, sendo a maior queda percentual desde abril. Contudo, vale notar que, em novembro, as novas construções bateram recordes de vários anos naquele país.
No mercado de ações americano, poucos desses dados foram levados em conta na precificação das ações. Na última quarta-feira (15), a previsão do Banco Mundial de que condições melhores na zona do euro trariam o crescimento mundial para 3,2% em 2014 fez com que o S&P 500 batesse recorde histórico novamente.
Esse otimismo também colaborou com a escalada rápida das ações europeias, uma vez que as expectativas têm colaborado para aumentar a demanda por papéis de mineradoras na Europa.
De volta aos EUA, no decorrer da última semana dados concretos de ganhos das empresas mais uma vez movimentaram o mercado. Assim, S&P 500 e Nasdaq fecharam o pregão da última sexta-feira em queda de 0,39% e 0,5%, respectivamente, movidos por perdas na Intel e General Eletric.
Já o índice Dow Jones foi na contramão e, ajudado pelas ações da American Express, fechou em alta de 0,25%. Na semana, Dow subiu 0,1%, S&P perdeu 0,2% e Nasdaq ganhou 0,5%.
Do outro lado do mundo, na China a economia continua dando sinais de abrandamento.
Na semana passada algumas províncias chinesas definiram suas metas de crescimento para 2014 e grande parte delas são menores que as metas de 2013. Isso corrobora com os esforços do governo central de Xi Jinping de direcionar o crescimento econômico para um caminho mais sustentável.
Em 2013, os investimentos estrangeiros diretos na China cresceram 5,25%, para US$117,59 bilhões, e, caso a política econômica esperada se concretize, esse número deve diminuir em 2014.
Na Europa, inflação e crescimento do PIB mostraram que a coluna vertebral do euro, a Alemanha, teve um ano difícil em 2013. Enquanto a inflação ao consumidor foi de, em média, 1,5% no ano, a economia alemã cresceu 0,4%, enquanto analistas esperavam um avanço de 0,5%. A União Europeia também apresentou inflação anual modesta, de apenas 1%.
PANORAMA BRASIL
A última semana foi marcada por perdas para a Bovespa. Os rumores sobre reajuste de combustíveis e o crescente otimismo com a economia americana colaboraram para isso.
Na última sexta-feira, a decepção com o indicador do Banco Central que avalia a economia mês a mês (como uma prévia do PIB) deixou o mercado de mau humor e acentuou as perdas. O índice caiu 0,31% em novembro e, somado ao aumento de 0,50% na taxa Selic anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do BC), sinaliza um começo de ano ruim para a economia brasileira.
Esse mesmo aumento da taxa Selic foi o responsável pela leve queda do dólar frente ao real. Após uma semana sem quase se movimentar, os esforços da equipe econômica do governo em Davos para captar fundos e o aumento na atratividade da renda fixa brasileira fizeram com que o dólar fechasse na última sexta-feira a R$ 2,346.
Por outro lado, as vendas do comércio em novembro superaram as expectativas e aumentaram 1,3% no varejo ampliado, ajudadas pelo aumento da massa salarial. Além disso, a taxa de desemprego no país caiu de 8% para 7,4% e a população desocupada diminuiu. O que não foi suficiente para animar a Bolsa, que fechou a última semana em queda de 1,04%.
Nesta semana, os mercados ficarão atentos principalmente aos dados chineses, visto que as condições econômicas naquele país exercem grande influência nos preços de ativos aqui. Além disso, o índice do confiança do consumidor, o investimento estrangeiro direto e o indicador de conta corrente serão divulgados, bem como a ata do Copom, que trará indícios da tendência da política de juros brasileira.
Post em parceria com Gerson Sordi, graduando em economia pela FGV-EESP e consultor da consultoria Júnior em economia (CJE) da FGV (http://cjefgv.webs.com), em nome da área de pesquisa da empresa
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