Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Mundo Econômico
PANORAMA MUNDO
Na semana passada, o mercado imobiliário foi o centro das atenções e decepcionou investidores norte-americanos: foram 348 mil vendas, numa taxa anualizada, sendo que a expectativa mediana do mercado era de 450 mil unidades. A queda nas vendas foi causada por um aumento nos preços e no custo dos financiamentos.
As gigantes americanas do financiamento Fannie Mae e Freddie Mac declararam preocupação caso suas atividades sejam encerradas, alegando que, se o projeto de lei que propõe o fim dessas empresas for aprovado, sua execução pode levar a um aumento ainda maior no custo de financiamento e consequente desaceleração ainda maior nas vendas de imóveis.
Também decepcionante foi o desempenho de empresas do setor de tecnologia, em especial Ford e Amazon.com, tendo a última assistido a uma desvalorização de quase 10% em seus papéis desde a divulgação do resultado trimestral. Arrastadas pela queda dessas ações, Bolsas americanas fecharam a semana no negativo.
Por outro lado, pesquisas apontam para um aumento no nível de confiança do consumidor norte-americano, o que contribui para a sensação de recuperação da economia. A mesma pesquisa prevê inflação de 3,2% este ano, contra os 2% estipulados como meta pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano).
Os próximos dias trarão novidades no que diz respeito à economia dos EUA. Entre outros dados importantes, na quarta-feira será divulgado o PIB trimestral e uma declaração do comitê de políticas monetárias do Fed (FOMC), e na quinta um discurso da presidente do banco central americano, Janet Yellen.
Na zona do euro, a semana teve saldo positivo. O PIB da Espanha apresentou a maior alta em seis anos, e o país teve seu rating elevado para "BBB+" pela agência de classificação de risco Fitch, em resposta à diminuição do risco de crédito e do deficit. Na França, dados revelam que o nível de desemprego se manteve constante em março - um indicador de que as políticas para sua redução poderiam estar começando a fazer efeito.
A Rússia, no entanto, teve sua nota de risco rebaixada pela S&P. A decisão da agência foi tomada em razão da crise na Ucrânia e no dia seguinte foi anunciado que o G7 (grupo formado por EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Canadá) pretende impor novas sanções ao país, em resposta à possibilidade de invasão da Ucrânia.
Na Ásia, a apresentação da prévia do PMI chinês fez com que várias Bolsas asiáticas fechassem em queda perante a perspectiva de uma desaceleração no crescimento da potência. O indicador se manteve abaixo de 50, apontando contração da atividade pelo quarto mês consecutivo. Amanhã o dado oficial da manufatura deve ser divulgado.
Já no Japão, preocupações a respeito do impacto do aumento dos impostos sobre o desempenho da economia foram amenizadas pela notícia de que a inflação teria superado a projeção do banco central. Isso seria um sinal de avanço na direção de atingir as metas de inflação e um indício do fim do longo período de recessão do país.
PANORAMA BRASIL
O clima de insegurança causado pelo risco de invasão de tropas russas na Ucrânia resultou num baixo volume de negociações na Bolsa brasileira. Já a queda de 1,37% na semana foi motivada em grande parte pelo desempenho abaixo da expectativa de mercado divulgado pela Hering e pela notícia de que as atividades de mineração em Goa, maior Estado exportador de minério de ferro da Índia, devem recomeçar em janeiro, causando uma desvalorização nas ações da Vale.
Se nos EUA a recuperação econômica tem levado a um aumento no nível de confiança do consumidor, no Brasil o cenário nebuloso em relação ao futuro levou a uma queda nesse indicador decorrente da incerteza sobre resultado das eleições de outubro, a perspectiva de baixo crescimento e um cenário de inflação resiliente.
No mercado de câmbio houve volatilidade na semana, com o dólar se valorizando 1,26% na sexta-feira e caindo 0,8% ontem diante de rumores a respeito da pesquisa eleitoral divulgada hoje. A expectativa das pesquisas também influenciaram o Ibovespa ontem, e as estatais seguraram as perdas do índice deixando-o quase inalterado.
Nos próximos dias, a balança comercial e relação dívida-PIB brasileiras serão divulgadas, bem como resultados de 16 empresas que movimentaram os índices de Bolsa.
Post em parceria com Francine Pietrobom, graduanda em economia pela EESP-FGV e consultoria da Consultoria Junior de Economia da FGV.
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