Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Os ricos estão trabalhando cada vez mais
O senso comum e muitos pensadores afirmam que as classes mais altas trabalham menos. Tanto que o economista americano Thorstein Veblen afirmava que as classes altas, por não precisarem trabalhar para sobreviver, podiam dedicar mais tempo ao lazer.
Durante muito tempo isso foi realidade. Segundo pesquisadores da Universidade de Zurique, os operários ingleses trabalhavam, em média, 64 horas por semana no ano de 1800, enquanto aristocratas praticamente não trabalhavam.
Nos últimos anos, contudo, pesquisas indicam uma nova tendência. A American Time Use Survey revela que, em 2005, americanos com diploma universitário trabalhavam em média duas horas a mais por dia que os nãos graduados.
Segundo Gershuny e Fisher, da Universidade de Oxford, pessoas com alta escolaridade atualmente dedicam mais tempo do seu dia ao trabalho que pessoas com escolaridade média e baixa.
Uma das explicações para isso é que a sociedade atual beneficia muito mais os que trabalham por mais tempo. Nos anos 80, uma pessoa que trabalhava 55 horas ganhava, por hora, 11% a mais que outra que trabalhasse 40 horas no mesmo emprego. Na virada do milênio, a diferença passou para 25%.
Além disso, a crescente automatização exige cada vez menos trabalho pouco qualificado. Em contrapartida, há a necessidade cada vez maior de pessoas altamente preparadas.
Tanto que o número de americanos graduados que trabalham mais de 50 horas por semana subiu de 24% para 28% nos últimos 27 anos. A proporção para não graduados diminuiu no mesmo período.
Além de impactar nas horas trabalhadas, a nova dinâmica econômica afeta o mercado de trabalho.
Nos EUA, a diferença da taxa de desemprego de graduados e não graduados é elevada e isso se acentua em períodos de fraco desempenho econômico, como ilustrado no gráfico abaixo.
Federal Reserve St. Louis | ||
Se antigamente o problema das classes mais baixas dos EUA e da Inglaterra eram as jornadas de trabalho longas, atualmente o problema é o desemprego.
O fato é que vivemos em sociedades cada vez mais desiguais. Altos executivos e outros profissionais têm cada vez menos tempo livre e são cada vez mais cobrados.
Enquanto isso, pessoas com menor escolaridade têm mais dificuldades para conseguir empregos e estão mais vulneráveis aos desequilíbrios econômicos.
Post em parceria com Luca Mosena que é graduando em Administração pela EAESP/FGV
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