Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Gerente amigão
Ter uma relação de amizade com o gerente do banco, chamá-lo pelo nome, contar sobre a família, o trabalho, os filhos, quem nunca?
Mas, quando o assunto diz respeito a dinheiro (financiamento, empréstimo), será que nos lembramos de separar as coisas? Afinal, o gerente do banco, por mais "gente boa" que seja, é um funcionário, cujo trabalho é, precisamente, fazer transações interessantes para a instituição bancária. Assim como o vendedor da loja, certamente ele não é o seu melhor amigo de infância quando está no trabalho!
O fato é que confiar apenas na conversa com o gerente do banco na hora do aperto ou de fazer negócios é um deslize muito comum. Não que o gerente não possa ou não deva ser ouvido. Antes de fechar negócios no banco, não há dúvidas da necessidade de equilíbrio para pensar nos interesses envolvidos, o que nem sempre vai acontecer quando se ouve apenas um representante da instituição que quer tanto lhe vender produtos.
Quanto mais informado o cliente está, menor a chance de ser "enrolado" e maiores as chances de fazer uma boa negociação. Se o cliente fica na dependência total do gerente, corre sérios riscos de fazer um mau negócio.
A grande ironia é que somos extremamente cuidadosos para outras ações que envolvam dinheiro. Quando vamos comprar um carro, por exemplo, mobilizamos pai, mãe, irmãos, amigos para ajudar nas decisões. Pesquisamos reportagens, estudamos o assunto. Afinal, fazer um mau negócio é, praticamente, perder dinheiro!
No entanto, quando pegamos dinheiro emprestado, muitas vezes, nos limitamos a simplesmente nos sentarmos na frente do gerente e esperar por seus "conselhos"! Com o agravante de que muitas vezes o montante envolvido em um empréstimo ou financiamento pode ter valor muito superior ao de um carro.
O ideal mesmo é que você mantenha sempre uma boa relação com o seu gerente, mas que não se esqueça jamais de ter em mãos, anotados, o controle de suas contas bancárias (saldos, dívidas, número de parcelas pendentes, financiamentos), um levantamento do valor exato que vai precisar e uma pesquisa sobre as taxas praticadas em outros bancos.
Por fim, se tiver dúvidas na sua conversa com o gerente, não se acanhe e faça perguntas quantas vezes for preciso. Esse conjunto de informações e conselhos de parentes e amigos mais experientes (em relação ao tipo de operação que vai realizar) podem colaborar para um contexto mais preciso e decisões verdadeiramente sábias para o seu bolso.
Post em parceria com Adriana Matiuzo
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