Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Fast fashion
Viver na velocidade máxima, estar em um mundo cheio de novidades a cada momento e conseguir, no meio de um monte de informações, ser completamente único é o desejo de vida de muitos conectados.
No meio do bombardeio de imagens, diferenciar-se virtualmente virou um nicho de mercado. Com isso, os blogs de moda cresceram e ganharam muitos seguidores, na tentativa de ditar as novas tendências e dar as dicas certas para se diferenciar.
Mas, se a diferenciação e a busca de personalidade única precisam ser construídas a todo momento da maneira mais inovadora possível, qual o item melhor do que as roupas capaz de ajudar nesse processo?
No meio desse fenômeno está a Forever 21. A família chinesa proprietária da marca começou o negócio em Los Angeles, ainda na década de 80. A empresa conseguiu se estabelecer exatamente junto a quem mais demanda novidades: jovens e adolescentes ávidos por informação.
Com produtos novos todos os dias e qualidade um pouco questionável (Quem se importa? Amanhã tem mais!), sr. Chang e as filhas conseguiram traduzir o desejo de moda de um jeito muito simples: compre hoje pois amanhã pode não ter mais.
Esse sentimento de vestir algo único a todo momento e não estar com uma peça que algum conhecido também possua é um dos pilares de sustentação do marketing das suas lojas.
Nos países onde a marca começou sua expansão há pouco tempo, esse processo ainda vem se consolidando (entre esses países, Chile e Brasil). Já nos Estados Unidos, além do produto novo diariamente também há a experiência de compra: o consumidor se sente dentro de uma balada - fenômeno também explorado por outras marcas jovens como a Abercrombie&Fitch.
Além de peças inspiradas nas principais tendências de moda, a empresa também passou a explorar a nova estratégia das grandes cadeias de fast fashion: o processo de co-criação com estilistas renomados, já que assinar uma coleção cápsula se tornou a maneira mais justa de garantir que seu produto não seja copiado descaradamente.
À medida que as blogueiras vestem as marcas chamadas provedoras (Chanel, Gucci, Prada) e criam um sentimento de desejo muito rápido, a família Chang consegue satisfazê-lo num piscar de olhos com seus similares praticamente perecíveis.
A força logística e o sentimento de singularidade transmitidos ao cliente são provavelmente os maiores motivos pelos quais a Forever 21 consiga driblar muito bem a concorrência. Além disso, seus principais concorrentes - H&M, Zara e Topshop - têm base na Europa, onde os direitos autorais também se estendem às roupas. Já nos Estados Unidos, a cópia de roupas, devido às brechas da legislação, não é ilegal.
Ser diferente é cool, mas ser diferente todos os dias parece ser uma nova tendência. E, se dá para fazer isso sem gastar muito dinheiro, ainda que algumas vezes essas novidades diárias custem um pouco a mais do que na concorrência, para sempre 21.
Post em parceria com Mariana Calabrez, que é economista formada pela FGV-SP e atualmente pesquisa sobre finanças corporativas e comportamentais.
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