Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. É professor na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV.
Seu filho não come bem? Chame um economista
Qualquer problema doméstico hoje pode ser motivo para um reality show: casas bagunçadas, esposas consumistas, filhos que não comem bem. Mas se você tem um problema como este, antes de recorrer a um canal de televisão, você pode contar com a ajuda da economia.
Em um estudo realizado no MIT, os professores Elie Ofek (Harvard), Marco Bertini (London Business School) e Dan Ariely (Duke) montaram uma pequena cafeteria, onde os alunos ganhavam um copo de café gratuito se respondessem algumas perguntas sobre o café servido.
Cada aluno recebia um copo de café e então era direcionado a uma mesa com aditivos: leite, creme, açúcar branco, mascavo... e noz moscada, cascas de laranja, anis, páprica e cardamomo. Após "turbinar" o seu café do seu jeito e tomá-lo, os participantes tinham que responder um formulário sobre quanto eles gostavam daquele café e quanto pagariam por ele.
De forma pouco surpreendente, ninguém colocou os aditivos exóticos. Mas quando estes eram apresentados em potinhos de vidro e metal, em uma bandeja metálica, com colheres de prata, os alunos estavam mais dispostos a pagar mais pelo café do que quando estavam todos os condimentos e copinhos de isopor.
A fórmula funciona bem para a Starbucks - um café gourmet, em uma loja transada, justifica os preços elevados. Mas as mães que sofrem na hora de dar o jantar para seus filhos também podem aprender com esta lição.
O estudo revela que quando acreditamos que algo vai ser bom, geralmente é isso que acontece -e o oposto também é verdadeiro. Quando um restaurante incrementa as descrições dos pratos no cardápio, ele o faz para aumentar as nossas expectativas -e pode, assim, influenciar o nosso gosto e prazer.
Para convencer uma criança a experimentar uma verdura nova, tente incrementar a descrição: não se trata de brócolis, mas sim de uma deliciosa gostosura verde. (Uma das autoras deste post já ofereceu para sua filha a saborosa iguaria de "ovo de macaco" para incrementar o ovo mexido do dia-a-dia. Detalhe: funcionou - mas não vamos entrar aqui na moralidade do assunto).
Se a descrição não for suficiente, apele para o visual. Se uma refeição bem-apresentada aumenta o apelo para os adultos, o mesmo pode dar certo para crianças. Ou você prefere comer comida de delivery na bandejinha de alumínio, do que servida em uma bela travessa?
Existem diversas mães que fotografam e postam os pratos dos seus filhos na internet, então inspiração não falta. Hambúrgueres com um rosto feliz feito de tomates (para os olhos) e vagem (para a boca), tartarugas de kiwi (casco) e uvas picadas (patas e cabeça). O céu é o limite.
Com uma descrição "apimentada" e uma bela apresentação, as mães podem conquistar até a mais resistente das crianças - tem economista que garante.
Post em parceria com Carolina Ruhman Sandler, jornalista, fundadora do site Finanças Femininas e coautora do livro "Finanças femininas - Como organizar suas contas, aprender a investir e realizar seus sonhos".
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