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Surfando na noite
Era um garoto que, como tantos naqueles barulhentos anos 80, amava música pop. Ele adorava se acotovelar em meio aos fãs, os olhos refletindo as luzes multicoloridas do palco, os ouvidos vibrando bem pertinho das caixas de som.
Por onde transitava, arrastava olhares pra lá de curiosos. Afinal, o menino tinha apenas seis anos de idade quando começou a se embrenhar nesse universo multifacetado que é o grande circo do "showbiz".
Ao lado do pai, produtor cultural e dono de casas como a extinta Toco, na Vila Matilde, pegou carona no ônibus do Kid Abelha para ver a banda tocar no Guarujá. Enquanto descia a serra, babava diante da vocalista Paula Toller. Coisa de adulto.
Depois daquela viagem de 1984, o menino percebeu que era possível dar um duro danado e ainda assim se divertir -e muito- com o trabalho. No momento em que a professora do colégio Pentágono, em Perdizes, perguntou o que os alunos queriam ser quando crescessem, foi um festival de gritos de "médico", "engenheiro" e "advogado" que abafaram a voz do pequenino Marco Antonio Tobal Júnior.
Karime Xavier / Folhapress | ||
Marco Antonio Tobal Júnior |
Este gritou mais alto para a turma toda ouvir: "Quero fazer show!". As coleguinhas se viraram para o lado do garotinho, achando que a profissão dele no futuro seria cantor. Sim, Júnior canta muito, mas apenas acompanhando seus ídolos em apresentações no Brasil e lá fora.
Convivendo desde criança com os mais variados gêneros musicais, aos 37 anos ele não tem dúvida: gosta de tudo um bocado: sertanejo, MPB, rock, pop, reggae, música eletrônica, rap, axé e o que mais vier.
Essa diversidade transparece no dia a dia de seus negócios. Tobal Júnior é quem comanda três casas de shows paulistanas: Espaço das Américas, Villa Country e Audio Club SP.
Na primeira, já se apresentaram nomes como Morrissey, Bruce Springsteen, Caetano Veloso e Robert Plant. O foco do complexo Country, como o próprio nome sugere, é o sertanejo: Fernando e Sorocaba, Chitãozinho e Xororó, Bruno e Marrone. Já o perfil da casa mais novata, a Audio, é moderninho: Banda do Mar, Jungle e Tame Impala já tocaram por ali.
"Existem nomes dos quais, durante a transação, já fico imaginando como eu vou curtir o show", conta.
A negociação com um astro pode levar mais de 90 dias. Essa dinâmica provoca uma dose extra de ansiedade, o que gera, às vezes, crises de insônia no empresário. Para esses momentos, o rapaz explica que encontrou uma fonte de prazer tão gratificante quanto ser abduzido pela energia que rola num megashow: pegar ondas. Sai de Moema, na zona sul, onde mora e segue para surfar em Juqueí ou Camburi, no litoral norte paulista.
No dia seguinte, está de volta a São Paulo, pronto para sentar à mesa e dar continuidade às atividades profissionais —ou quem sabe até suar a camisa, à noite, diante de um bom e velho show de "rock and roll".
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NUMERALHA
8 toneladas de camarão são consumidas por mês nas duas unidades do Coco Bambu na Vila Nova Conceição e no Jardim Anália Franco
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QUAL É A BOA DE DOMINGO?
Thiago Pethit, 29, cantor e compositor. Perdizes
"Domingo fica por conta do Pitico. O lugar é um estacionamento transformado de improviso em um parque com cadeiras de praia e dois contêineres servindo comidas e bebidas. Muito charme. O local é perfeito para passar a tarde com os amigos, relaxar e conversar. Ele fica próximo ao Sesc Pinheiros [sescsp.org.br], onde grandes shows vão acontecer nos próximos fins de semana, como o do Emicida e de Ana Canãs, de quem sou muito fã."
Livraria da Folha
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