Coluna é publicada aos domingos.
Músicos se organizam para fazer shows em casa e manter autonomia
No fim de 2014, o paulistano Léo Rodrigues, 31, dava uma oficina na Universidade de Berklee, em Boston (EUA), quando acompanhou um colega num concerto, realizado na casa de estudantes, no qual se misturavam o piano de Beethoven com o instrumento símbolo de Jackson do Pandeiro.
De volta ao Brasil, o rapaz ficou matutando uma forma de driblar a dependência dos músicos do couvert artístico, repassado pelos bares, que geralmente embolsam uma parte do valor.
Daí, surgiu o Som Sem Dono, projeto que propõe aos músicos um conceito de autonomia. "A ideia é se desvincular de quem não liga para música, mas somente para o dinheiro que ela gera", diz Léo, que mora em Alto de Pinheiros.
No fim de abril deste ano, o desdobramento do Sem Dono resultou no Som Lá em Casa, coletivo de 30 artistas dos mais variados gêneros musicais. A proposta é a seguinte: qualquer um pode convidar o grupo para realizar concertos em casas, chácaras ou apartamentos.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Léo Rodrigues, um dos fundadores do coletivo 'Som Lá em Casa' |
Fica aqui o registro: você não saberá, de antemão, que tipo de música vai rolar na sua casa nem quais serão os músicos participantes —eles seguem um rodízio.
Uma coisa é certa: vai aparecer na sua casa gente que você nunca viu antes. Todo o processo de produção, agendamento e seleção de convidados —até os seus— é feito pela produção do coletivo através do e-mail.
O evento ocorre entre as 18h e as 21h, sendo que o show vai das 19h às 20h. Antes de entrar, cada um paga R$ 25 diretamente aos músicos, que vão ter a lista com nome, documento e celular de todos os participantes.
São os mesmos músicos, aliás, que fazem "porta" —ou seja, liberam a entrada mediante pagamento e confirmação dos dados. Eles chegam antes, ajudam a deixar o espaço em ordem para o concerto e permanecem até o fim da apresentação.
O tamanho do público varia, a depender da área: 20 participantes é a exigência mínima. Léo, um dos idealizadores do projeto, avisa: "Não se trata de baladinha nem de festinha. É concerto íntimo para quem gosta e aprecia boa música". Com direito, é claro, a muitos improvisos.
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NUMERALHA
300 drinques "sgroppino al limone", feito à base de sorvete de limão ao leite, batido com vodca, são consumidos por mês no Piola, dos Jardins
Divulgação | ||
O drinque 'sgroppino al limone' é feito à base de sorvete de limão ao leite batido com vodca |
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QUAL É A BOA DE DOMINGO?
"A avenida Paulista. Fiz muitas vezes a pé, de uma ponta à outra. Lembro que era meu 'point' de adolescência, quando o grande programa era assistir a algum filme nos cinemas de rua. Depois, comer por ali mesmo. Os cinemas mudaram de nome, mas ainda estão lá. Temos agora algumas opções de livrarias incríveis, a feirinha do Masp e a volta do Bar Riviera e do Caixa Belas Artes. Quando passo muito tempo no Rio, a primeira coisa que faço é dar uma volta na Paulista. Nem que seja de carro. Agora, esse passeio pode ser feito de bicicleta. Sensação de estar em casa!"
Marcelo Médici, 43, ator. Pacaembu
Divulgação | ||
Retrato de Marcelo Médici |
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