Chico Felitti é jornalista.
Festa reúne quatrocentões e 'ex-ricos' sessentões no Jockey Club
"Meus três sobrenomes vieram da família, dois do lado do papai e um da família da mamãe. Já o quarto veio do marido. O primeiro deles, o juiz", explica uma senhora platinada a duas outras damas loiras que acaba de conhecer à beira da piscina, ao som de Christina Aguilera.
A cena é comum na festa Pim Pam Pum, que comemorou três anos em junho, reúne 12 mil pessoas no grupo on-line e algumas centenas delas mensalmente em festas como esta, no bar da piscina do Jockey Club.
O nome do agito, emprestado de um programa infantil da década de 1960, deixa entrever a idade dos comensais. "É gente de 54 a 70 anos que antes passava a noite de sábado vendo TV", diz Lou Sarmento Pimentel Malta, 61, uma das organizadoras.
As reuniões, com música ao vivo, já passaram pelo clube Paulistano, pelo Jockey, por pizzarias e por bares, e o ingresso custa cerca de R$ 40.
Muitos amigos se reviram décadas depois da formatura do Madre Alix ou do Sacré-Cur. Outros aprontaram juntos pelas boates da Augusta dos tempos áureos.
A decoradora Helô Marino (nascida Gontijo), 67, diz gostar da balada pela conveniência. "Saio da alameda Jaú [nos Jardins], entro no meu carro e venho para cá. Estaciono, me divirto sem ter obrigação com ninguém e depois volto para casa."
Enquanto Helô posa para fotos, uma conversa se desenrola ao lado, nas cadeiras de plástico branco que tomam o deque e circundam a piscina. "Acabei de pagar uma falência de US$ 37 milhões. Paguei tudo. Meus amigos não pagaram ninguém."
A seleção de quem participa do grupo é por estilo, e não conta bancária, dizem os donos. "Meus amigos que eram triliardários não têm onde cair mortos. Vêm 50 aí hoje, te apresento todos", diz o organizador Homero Rocha Ferreira, 65.
Para exemplificar a aceitação, ele cita um mecânico que deve chegar mais tarde, naquela noite em que os termômetros marcavam 13º C: "Ele tem 70 anos, veio da Itália, foi rico lá e o Mussolini tomou tudo do pai dele. A família tinha 120 carrões, como Ferraris".
O intuito da festa não é lucrar. "Dinheiro já vimos", brinca Ferreira.
-
QUALQUER NÚMERO
R$ 909.000
É lance mínimo por metade de uma casa na rua Minas Gerais, em Higienópolis. Não se trata de separação litigiosa, mas da liquidação do patrimônio de José Cyrillo Júnior, ex-cartola do Palmeiras. Procurado, ele não quis se manifestar.
-
O FOOD TRUCK ATOLOU
Um dos primeiros eventos de comida na rua da cidade, O Mercado suspendeu suas atividades depois de três anos. "Já tem mais de 20 'food parks' e tanta gente usando esse formato, que está banalizado. Acho que já servi as pessoas que me interessavam", diz o chef Checho Gonzales, que pretende criar um novo tipo de evento para o futuro.
-
UM ARSENAL CHEGA AO MAC
O Museu de Arte Contemporânea recebeu uma remessa de armas. Armas de arte. São cinco obras da artista Marcela Tiboni, que faz com as próprias mãos espingardas, rifles e outros componentes de um arsenal, que funciona de verdade. "Por causa das normas de segurança, tive de tirar a pólvora delas", diz a artista.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade