Conhecido como Denis Cisma, é diretor de filmes premiado em Cannes e Clio Awards. É um entusiasta do universo automotivo.
O Land Rover verde
"Você pode escolher qualquer cor, contanto que seja a preta", era o que dizia Henry Ford sobre as opções de pintura do mítico Modelo T. Esse tom era o que secava mais rápido e, assim, diminuía o custo de produção.
A Land Rover, de maneira semelhante nos primeiros anos de fabricação da chamada Série 1 (1948-1957), só oferecia a opção de cor "Army Surplus Green".
A tinta verde era sobra dos veículos militares da Segunda Guerra Mundial. O carro inteiro, na verdade, foi desenhado para usar os escassos recursos materiais do pós-guerra.
O motor e parte da transmissão vinham do P3, um automóvel de luxo da Rover. O robusto chassis era feito de aço, mas toda carroceria era de alumínio, material que sobrou da fabricação dos aviões de combate.
O projeto do Série 1, que acabou dando origem ao Defender, nasceu assim mesmo, improvisado. Era uma solução rápida para a Rover continuar viva.
Diferentemente da aplicação militar do Jeep, o primeiro Land Rover foi projetado para o uso rural. Ele tinha, por exemplo, o recurso "Power Take-off" (PTO), que permitia que acessórios como serras circulares ou lixadeiras, muito úteis no campo, fossem acoplados para usar a força do motor.
Ricardo Berg, 46, empresário e apaixonado pela marca, foi comprar a tal tinta verde para um Land Rover Série 1 que estava restaurando.
O colorista da loja foi procurar o código no computador. Berg avisou que provavelmente não iria encontrá-lo, pois a cor era muito antiga. Ele, no entanto, disse que já havia feito esse tom.
Intrigado, Berg perguntou: "para quem?". O colorista apontou para o dono da loja, que também tinha um Série 1, de 1949, com o volante na mão inglesa. O carro, abandonado, hibernava sob um outdoor. Berg conseguiu convencer o dono a vendê-lo e o restaurou também. E, claro, o pintou com a Army Surplus Green, a única cor possível.
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