Jornalista esportivo desde 1971, escreve sobre temas olímpicos. Participou da cobertura de seis Olimpíadas e quatro Pan-Americanos. Escreve às terças.
COI dá aval para plano de abertura da Olimpíada
A greve de operários da construção pesada nas obras olímpicas do Rio tensão na semana passada, mas uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho solucionou o impasse, e o ritmo dos trabalhos foi retomado.
O movimento, como não poderia ser diferente, deu um susto nos organizadores, pois não existe sobra de dias no calendário para a finalização dos preparativos até a abertura da Olimpíada, em agosto do ano que vem.
As construtoras olímpicas, algumas delas citadas nas denúncias da Operação Lava Jato, possivelmente terão ainda de conviver pela frente com outras reivindicações. Independentemente disso, a conclusão das obras tem prazo definido, não há tempo a perder.
A paralisação dos operários, no entanto, não interferiu nos trabalhos realizados no período por uma comissão do COI, que esteve no Rio. Na principal decisão dos visitantes, foi aprovado o plano da cerimônia de abertura.
Os detalhes do evento continuam a sete chaves, e só serão revelados apenas na grande festa. Espera-se por algo inusitado, mas simples, marcante e emocionante. É impossível qualquer tentativa de imaginar como será o espetáculo. Idéias mirabolantes combinam com grandes eventos.
FUTEBOL
As cerimônias de abertura e encerramento são atrações à parte nas Olimpíadas, bastante aguardadas e que sempre despertam curiosidade. No caso do Rio, outro evento de porte nos derradeiros momentos dos Jogos será a decisão do torneio masculino de futebol, o esporte preferido dos brasileiros, no Maracanã.
Torcida não deve faltar para que o Brasil chegue até a final. Mas a CBF, responsável pela modalidade, parece brincar com a seleção olímpica, mudando planos de acordo com o humor da cartolagem. Acaba de colocar Dunga, da seleção principal, também como técnico do time olímpico. Ele vai chupar cana e tentar assobiar ao mesmo tempo. Já fez isso em 2008 e não deu certo.
Ao menos os times olímpicos de futebol, o masculino e o feminino, não correm o risco de ficar fora dos Jogos, pois estão assegurados pela condição de país-sede.
VAGAS
Enquanto o comitê organizador prepara o palco para o evento, mundo afora, atletas de cerca de 200 países buscam garantir suas vagas nas 42 modalidades. Essa disputa começou no ano passado e já apontou vários classificados.
A previsão é que aproximadamente 47% das 10.500 vagas sejam definidas até dezembro e a lista final, fechada em julho do ano que vem. Cada modalidade adota uma forma de selecionar, como via Copas do Mundo, torneios pré-olímpicos regionais e mundiais e rankings elaborados com pontuação acumulada de várias competições.
BRASILEIROS
O Brasil, que na última Olimpíada, em Londres-12, levou 259 atletas e ganhou 17 medalhas, atuando em casa prevê formar uma representação de cerca de 400 atletas, com o objetivo de alcançar de 27 a 30 pódios. Caso a meta seja atingida, o país tem chance de ficar entre os dez mais bem colocados pelo número total de medalhas.
Vale ressaltar que o Brasil, por ser sede do evento, tem praticamente assegurada vaga em todas as modalidades. As exceções são raras.
A equipe feminina de hóquei sobre grama, por exemplo, ficou para trás e não alcançou um nível suficiente para garantir a participação. Já o time masculino da modalidade vai lutar para ficar entre os seis mais bem colocados no Pan de Toronto, em julho, e conquistar sua vaga.
Dos esportes mais destacados, apenas o basquete continua na corda bamba. Vai disputar pré-olímpicos, tanto no masculino como no feminino, mas ainda espera por uma boa notícia no final do próximo mês. É o prazo estipulado pela federação internacional da modalidade oficializar ou não o convite.
Essa pendência existe em função de dívidas assumidas com aquela entidade e não pagas pela confederação brasileira do esporte. Um problema que pode ser equacionado.
LÁGRIMAS
Por tudo que foi exposto acima, afloram sentimentos de angústia e ansiedade entre os esportistas que sonham em participar da Olimpíada. Por isso, o Comitê Olímpico do Brasil já submete os atletas a um trabalho que conta com 11 psicólogos. Outros 50 deles, que trabalham particularmente com atletas ou confederações, também serão consultados.
Ao emocional dos brasileiros se soma o fato de os Jogos serem em casa. Na Copa foi um rio de lágrimas da seleção e um vexame memorável. O COB tem lá seus motivos e preocupações. Mas o chororô na Olimpíada parece mais natural, menos estranho. Será isso mesmo? Só sei que nunca faltam lágrimas no pódio nem fora dele.
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