É secretário de Redação de Edição da Sucursal Brasília. Formado em jornalismo, escreve sobre economia e política desde 2000.
Rombo no Orçamento coloca reajuste de servidor em xeque
Pedro Ladeira-20.mar.2017/Folhapress | ||
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente Michel Temer |
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer terá a chance de corrigir seu primeiro grande erro na área econômica: o reajuste concedido a servidores no momento em que buscava apoio para garantir o afastamento definitivo de Dilma Rousseff. A revisão está em discussão no governo, que define nos próximos 30 dias a proposta orçamentária de 2018.
Há aumentos aprovados pelo Congresso e sancionados pelo Executivo previstos para 2018 e 2019. O adiamento da medida em seis meses, por exemplo, pode gerar uma economia próxima da arrecadação prevista com a tributação adicional dos combustíveis, anunciada recentemente, de cerca de R$ 10 bilhões.
Destaque-se que o reajuste previsto de 6,5% é quase o dobro da inflação estimada para o fim deste ano.
No início do governo FHC, a despesa com pessoal comprometia 54% da receita líquida da União, percentual que caiu pela metade (27%) até os primeiros anos da gestão Lula.
Os generosos aumentos concedidos desde então aumentaram esse comprometimento para quase 40%.
No Executivo, a renda média dos servidores civis supera R$ 10 mil. Algumas carreiras têm salário inicial superior a isso. No Ministério Público da União, que reivindica uma correção de 16%, a média é de R$ 16.280, valor próximo do verificado no Legislativo e no Judiciário.
No Rio de Janeiro, servidores estão sem receber salário, pois o Estado não tem autorização para se endividar sem aval da União. Na esfera federal, sempre há como pagar, por meio de mais endividamento, jogando a conta para o restante da sociedade.
O principal entrave para uma renegociação será a resistência de sindicatos do funcionalismo, que já se mobilizam com ameaças de greve, além de conseguir o apoio do Congresso, sobre o qual os servidores têm forte influência, na véspera do ano eleitoral. São duas forças que o governo fragilizado de Temer tem evitado contrariar.
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