Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.
Campo de batalha
BRASÍLIA - As oposições parecem não perceber ou não dar bola, mas o governo e o PT estão ganhando a batalha mais importante a esta altura da eleição: são eles que determinam como vai ser a guerra.
As pesquisas têm um peso enorme no ânimo do eleitorado e na definição de apoios e coligações, mas, neste momento, o fundamental é definir as armas, arregimentar as tropas, delimitar o campo, atrair o inimigo para o terreno que você domina. Depois, não tem como sair.
Aécio e Eduardo Campos vinham bem quando o debate (ou o "terreno") era Petrobras, crise ética, crescimento baixo, inflação alta, o preço do tomate. Mas Dilma, que patinava, deu uma guinada e puxou tucanos e pessebistas para o campo social. Este é o forte do PT e de Lula e a única área que salva o discurso de Dilma.
Com a CPI da Petrobras no Senado enterrada e a CPI mista natimorta, lá se foram vários cartuchos da oposição. E os novos anúncios do governo -aumento do Bolsa Família, correção da tabela do IR, investimentos em saneamento básico- reforçaram a munição de Dilma. O anúncio do medo e dos fantasmas fez a liga.
É verdade que as pessoas votam pensando em se dar bem, mas os interesses meramente pessoais não anulam o imaginário coletivo. Explico: as menores faixas de renda querem Bolsas; as classes médias querem emprego, renda e status; as mais remuneradas querem privilégios; as ricas querem ficar mais ricas. E todas querem segurança etc. Mas há mensagens que perpassam todas elas.
Exemplo? A fofoca de que os tucanos privatizariam a Petrobras. Isso não atingia diretamente o interesse de quase nenhum eleitor e de nenhuma faixa de renda e de escolaridade, mas fez um corte transversal por todas.
A campanha de Dilma planta agora o medo da "volta ao passado" e a "inclusão social versus medidas impopulares e elitistas", para colher depois nos programas, nos debates e, claro, nos votos.
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