É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.
Água e óleo
Raikkonen não vai terminar o contrato com a Ferrari.
Anote, recorte e guarde a coluna, cobre-me se for o caso. Aposto um picolé de chuchu, como diz a amiga Barbara Gancia.
Não há a menor chance de ele ficar lá até o fim de 2015. Esqueçam. Zero.
E não é preciso entender de F-1 para enxergar os motivos. Basta entender um pouco de gente. Ou da mistura de água e óleo. Ou ter visto o que o finlandês fez no último domingo.
A corrida estava apenas no começo quando a TV mostrou Raikkonen entrando num carro de passeio e indo embora pro hotel.
O mesmo piloto que, na corrida anterior, na Índia, resistiu aos pedidos para abrir passagem para o companheiro e trocou palavrões com o diretor da equipe.
O mesmo piloto que, na mesma Abu Dhabi, em 2012, lançou pelo rádio o já histórico "deixe-me em paz, eu sei o que estou fazendo" --que virou camiseta e capinha de celular.
Nenhuma dessas situações, nenhuma, combina com o estilo Ferrari de ser.
A Ferrari é quase uma religião. E se enxerga assim.
Na visão do comendador, lá nos anos 50, os pilotos deveriam agradecer aos céus pela chance de sentar num de seus carros.
Raikkonen não sabe para que lado é o céu. Não faz questão de saber. Seu único interesse é acelerar, e ele acelera bem. É arrojado e técnico na medida certa. É, talvez, o piloto mais talentoso da F-1.
Mas talento nem sempre basta, nem sempre significa eficiência. E isso varia muito de equipe para equipe.
O retorno de Raikkonen à F-1 só deu certo porque foi pela Lotus. Uma estrutura mediana, sem grandes pretensões e que lhe deu um companheiro de equipe insosso.
Uma equipe que entendeu que não adiantava cobrar comprometimento do finlandês, que deixá-lo à vontade era a melhor saída. Funcionou.
Na Ferrari, tudo é diferente. E só há duas explicações para o fato de a escuderia, que já o dispensou em 2008, tê-lo trazido de volta.
A primeira: a negociação aconteceu num momento em que Alonso criticava o carro e funcionou como um cala-boca no espanhol. A segunda: a direção da equipe é ruim. Não são opções excludentes, registre-se
Em tempo: sou fã do temperamento do finlandês, que tanto foge do lugar-comum, do rame-rame vendido pelas assessorias de imprensa. Mas na Ferrari isso não vai prosperar.
*
Imperdível, a última etapa da MotoGP, no domingo. Em Valência, dois espanhóis duelarão pelo título. O garoto prodígio Márquez tem 13 pontos sobre Lorenzo, bicampeão. Um é Honda, outro é Yamaha. A largada será às 11h, com Sportv.
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