É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.
Será?
Jerez, primeiro dia de testes. A Red Bull completa apenas três voltas. Começo de pré-temporada, mudanças radicais no regulamento, muitos acertos a fazer. Normal.
No segundo dia, a pulga se alojou atrás da orelha. O alemão, tetracampeão mundial, completou só oito voltas com o carro da equipe tetracampeã dos Construtores. Estranho.
No terceiro dia, ontem, o sinal de alerta foi acionado. O piloto foi outro, Ricciardo. O resultado foi o mesmo da abertura dos testes: três voltas. O roteiro, dramático.
Na primeira saída, demoradas três horas após o sinal verde no pit lane, o carro parou na curva 7, envolto em fumaça. O australiano frustrado, balançando a cabeça. Uma hora depois ele voltou à pista. Completou as tais três voltas e recolheu. Para não mais voltar.
Newey e Horner deixaram o autódromo com semblantes preocupados, sem falar com a imprensa. No primeiro dia, a alegação foi de uma peça mal encaixada. No segundo, uma questão elétrica. Ontem, sabe-se lá.
Será?
É esta a pergunta que a F-1 se faz agora.
Será que a Red Bull errou a mão no carro? Será que Newey deixou escapar algo? Será que sua hegemonia começa a ruir? Será que teremos uma F-1 diferente em 2014? Será?
Se é verdade que ainda está cedo para cravar a decadência da equipe, também é que 25% da pré-temporada já passou.
Restam nove dias de testes. Depois, é empacotar tudo e viajar para a Austrália.
O prejuízo é mensurável. A Mercedes já percorreu 784 km com o novo carro. A Ferrari, 602 km. A McLaren, 587 km. A Red Bull, 62 km –à frente apenas da Marussia, que se atrasou na fábrica e só ontem acelerou na Espanha, e da Lotus, que não deu as caras.
O silêncio da equipe favorece as especulações. E são duas as que rondam os boxes de Jerez: a Renault estaria tendo dores de cabeça com as baterias do novo sistema de reaproveitamento de energia, e as entradas de ar do RB10 não seriam suficientes para refrigerar o motor.
A experiência recomenda cautela. Newey é um gênio. E gênios, quando erram, geralmente encontram rápido uma saída. São enormes as chances de ele terminar o ano campeão, rindo dos pessimistas.
Mas o fato de a grande equipe dos últimos anos começar a pré-temporada em dificuldades traz um sabor especial ao campeonato.
Traz a perspectiva de movimentação das placas tectônicas. De mudanças no cenário.
O que acontecerá com as outras equipes? Alguém vai surpreender, como a Brawn fez em 2009? A McLaren, por exemplo, parece ter encontrado alguma solução vantajosa...
Será?
Essa dúvida é sensacional para o esporte.
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