Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).
A explicação na política
BRASÍLIA - O ditado vale para muitas situações, mas na política é ainda mais preciso: "Tudo que tem de ser explicado não é bom".
Se a candidatura de Dilma Rousseff estivesse de fato garantida, o ex-presidente Lula precisaria dar uma entrevista a blogueiros na qual declarou que não vai disputar a eleição de outubro deste ano? Só que Lula disse o seguinte ontem cedo: "Eu não sou candidato. Minha candidata é a Dilma Rousseff. E eu conto com vocês para divulgar isso e acabar com essa boataria".
Para debelar o "volta Lula", o ex-presidente poderia fazer um caminho diferente. Por exemplo, convencer metade (ou até mais) da bancada do PT no Congresso de sua sinceridade ao afirmar que Dilma é "disparadamente" a melhor candidata. Lula conhece os números de telefones celulares de todos os petistas anti-Dilma. Sabe o nome e o sobrenome de cada um deles.
Depois de falar com os congressistas do PT, Lula poderia telefonar também para empresários que vivem propagando a volta do ex-presidente. Ele sabe quem sugere esse tipo de operação. Em dois ou três dias, acabaria "essa boataria".
Nada disso acontecerá. Até porque há uma situação real de instabilidade na sucessão presidencial. Lula e o PT preferem uma recuperação de Dilma. Ocorre que há muitos sinais obscuros no horizonte. O desfecho é incerto.
A troca pura e simples de Dilma por Lula é arriscadíssima. Fica mais delicada a cada dia. A dramaticidade aumenta se for efetuada só em meados de junho, quando os "sebastianistas" do "volta Lula" apontam como data limite para o ex-presidente ressurgir.
Como ainda é cedo para decidir, Lula habilmente fala que tudo é "boataria". Impossível agir de maneira diferente. Mas tampouco pode ir muito longe nas negativas. "Não posso registrar em cartório", declarou. O ex-presidente é prudente.
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