Ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.
Lei Seca é um apelido cretino
A regulamentação das normas que proíbem o consumo de bebida ao motorista, lançada pelo Conselho Nacional de Trânsito, é clara: tolerância zero. A punição ataca quem tomou menos de um copo de cerveja. É um avanço civilizatório. Por isso compartilho aqui um incômodo: o apelido de Lei Seca para essas normas. É uma cretinice perigosa.
Esclareço: se a pessoa quiser beber até cair, sabendo dos riscos para a saúde, é problema dela. Se quiser guiar, é meu problema. A Lei Seca era moralista, repressora e ineficiente. E gerou mortes por causa dos crimes.
Chamar as normas contra a bebida de Lei Seca é transmitir a sensação de que o poder público está reprimindo um direito individual. Não está. Está libertando o risco de alguém ser morto pelo motorista.
Estamos todos chocados com as mortes causadas pela irresponsabilidade em Santa Maria (RS). Quantos incêndios da Kiss temos todos os anos nas estradas e ruas por causa da combinação de álcool com direção?
O problema é que a lei é apenas um papel enquanto não vira ação. O país vai precisar não só mover a polícia a fiscalizar as ruas para deter os motoristas que bebem. Mas também conscientizar os jovens dos perigos. É algo do tipo como não fumar em locais fechados. Necessário, portanto, mudar uma mentalidade.
O que devemos dizer não é que a lei é repressora e cretina como a Lei Seca. Mas que ajuda as pessoas a se livrarem das mortes e dos acidentes.
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