É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos. Escreve às segundas.
Aquele que não pode ser nomeado
FILHO: Porra, pai, me dá um Xbox, pelo amor de Deus.
PAI: Filho, cuidado pra não falar essa palavra.
FILHO: Porra?
PAI: Não, a outra.
FILHO: Xbox?
PAI: Não, você falou pelo amor de...
FILHO: Deus.
PAI: Isso. Não pode. Na nossa religião.
FILHO: Mas e quando eu quiser falar Dele.
PAI: Tem que usar uma expressão, tipo aquele-que-não-pode-ser-nomeado.
FILHO: Esse já é o Voldemort.
PAI: Não conheço.
FILHO: Graças a Deus. Desculpa. Isso é por que mesmo?
PAI: Porque Ele não cabe numa palavra.
FILHO: Mas cabe em seis palavras: aquele-que-não-pode-ser-nomeado.
PAI: Não exatamente. Ele não cabe em palavras.
FILHO: Mas coube agora na palavra Ele.
PAI: Ele não gosta de nomes próprios.
FILHO: Eu também não gosto de me chamar Arnaldo, mas as pessoas não escolhem isso.
PAI: Ele não é uma pessoa.
Chega a mãe.
MÃE: Tá falando de quem?
Pai aponta pra cima.
MÃE: O vizinho do 501?
Pai faz que não. Faz mímica de barba.
MÃE: Lula. Fidel. Los Hermanos.
Pai faz que não.
FILHO: Mãe, começa com D.
MÃE: Dilma. David Brazil.
Pai faz símbolo pra cortar.
MÃE: Corta! Di. Dá. Dê?
Pai faz que sim.
MÃE: Dê. Demônio?
PAI: Quase.
MÃE: Feliciano.
PAI: O contrário.
MÃE: Deus.
FILHO: Shhh.
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