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São Paulo e a Expo 2020

São Paulo é candidata à sede da Expo 2020. É uma feira internacional de projetos urbanos organizada pelo Escritório Internacional de Exposições com sede em Paris. A mais recente foi em Xangai, em 2010, por onde passaram 73 milhões de pessoas. Recorde histórico, desde 1851 quando foi inaugurada. A próxima será em Milão, em 2015.

A feira é considerada o terceiro maior evento do mundo. Estima-se que 30 milhões de pessoas compareçam em São Paulo.

Sou totalmente a favor que tenhamos grandes eventos no Brasil. Desde que... Desde que eles cumpram determinadas funções que vão muito além do evento em si. Não é o que está ocorrendo com a Copa do Mundo de 2014.

Em primeiro lugar é preciso assegurar o conceito. Políticas públicas são feitas no Brasil sem firmeza no conceito que as justificam. Principalmente em cima de eventos. Eles aparecem como a solução para problemas de infraestrutura e outras questões, são badalados como tal e, no frigir dos ovos, servem só como promoção.

É mais para sair na foto e responder a uma expectativa da sociedade ou de setores beneficiados. Não há compromisso em atrelar o benefício à cidade de forma permanente.

São Paulo e Rio de Janeiro têm vocação para grandes eventos.

São Paulo tem necessidade de eventos com o tema da Expo 2020: "Força da Diversidade, Harmonia do Crescimento". Visa a provocar nos países, cidades, instituições públicas e privadas projetos de inovação tecnológica, novas políticas sociais e econômicas, programas de combate às mudanças climáticas e novas formas de produção de energia.

O conceito de sediar um evento como este é tornar a cidade, realmente, um centro de criação dessas políticas. E, por coerência, de beneficiária dessas ideias. Não adianta virar balcão de projetos e, passada a festa, desconhecê-los. Muitas vezes é isso que acontece.
O segundo grande objetivo é utilizar o evento para construir uma infraestrutura não só capaz de recebê-lo como torná-la perene para os cidadãos da cidade.

Não é para fazer puxadinhos nos aeroportos só para receber os voos da Copa do Mundo e depois voltar ao caos de sempre.

São Paulo não está preparada para grandes eventos. Recentemente, a abertura de feira de porte reduzido no Hotel Transamérica parou as duas marginais. Foram mais de 15 km de congestionamento. A cidade desmotiva turistas e executivos. Tem efeito contrário. E não é só o trânsito.

É preciso muito cuidado com as obras e serviços estimados para esses eventos. Geralmente são arrolados apenas para ganhar o concurso, sem compromisso real com a concretização.

Depois os orçamentos estouram e não há fontes de receita garantidas. Papai Recurso Público é chamado logo a acudir. Gasta-se acima do previsto e na base da improvisação. A cidade ganha quase nada.

Para São Paulo ser um símbolo da harmonia do crescimento tem que mudar radicalmente o quadro atual. O crescimento tem sido na maior parte predatório.

Um evento como esse será fantástico, se servir de catalisador para a mudança.

Se for só para "francês ver" não serve.

Para isso é fundamental que além de obras e orçamentos vultosos, além de apresentações emocionantes, implantemos desde já políticas concretas e objetivas que atendam os princípios da Expo 2020.

Atualmente estamos bem longe disso.

A escolha será feita só em novembro de 2013. Os jurados deveriam levar em conta, além das apresentações apregoadas, o que cada cidade fará de concreto até lá. Para merecer ser sede não basta reivindicar. De teoria basta a Copa 2014.

Mais importante é assumir verdadeiramente o espírito da coisa.

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