Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
O Cruzeiro sobra
Dizem que quanto maior a expectativa em torno de um jogo, maior é a decepção.
De fato, principalmente quando se trata de decisão, as partidas costumam ser amarradas, estudadas, invariavelmente tensas para quem delas participa, mas aborrecidas para quem as vê pelo prazer do futebol.
Pois Cruzeiro x Botafogo, no meio da semana passada, desmentiu a tradição. Cumpriu rigorosamente a promessa que embutia e no exagero do placar --o 3 a 0 que não espelhou o jogo--, permitiu ao Cruzeiro mais que abrir sete pontos de vantagem, mas abalar a auto-confiança botafoguense.
Não foi à toa que o time mineiro chegou ontem no Pacaembu com ares de quem estava em casa e só não saiu na frente no primeiro tempo porque Cássio estava em tarde monstruosa e, talvez, por causa de um pênalti não observado de Gil em Borges. O talvez não é para deixar a existência do pênalti em dúvida, mas, sim, sua conversão, já que o goleiro estava em dia de Lev Iashin, o lendário russo que era chamado de Aranha Negra.
Das três defesas que fez nos 45 minutos iniciais, duas foram portentosas mesmo.
Verdade que no segundo tempo o Corinthians foi melhor, embora desse a impressão de ter feito um pacto contra o gol, coisa que Cássio entendeu, assim como Emerson Sheik, Romarinho, Douglas, Pato...
Impressiona a insegurança corintiana quando chega nas imediações da área adversária.
Ao Cruzeiro o empate soava bom, mesmo na má fase do rival, que nem do Náutico ganhou no Pacaembu. E ficou ótimo com a virada do Bahia sobre o Botafogo, que dá sinais de queda, principalmente porque Seedorf começou a padecer com o calendário brasileiro e desapareceu.
A derrota botafoguense no Mineirão foi apenas o primeiro sinal de que o Brasileirão, para decidir quem será o campeão, estava resolvido.
O segundo o Maracanã e o Pacaembu deram ontem.
Porque se existe sorte de campeão, algo que o Cruzeiro teve ao ver Seedorf perder pênalti em Belo Horizonte, existem vitórias de campeão, como a sua por 3 a 0, e até empates de campeão, como o 0 a 0 em São Paulo.
Ah, sim, empatar com o líder, mesmo em casa, não é ruim. A menos que signifique completar a sexta partida sem vitória e com só um gol...
Existem, também, empates da salvação. Coisa que o São Paulo ia conquistando no Serra Dourada, mas que o ex-tricolor Rodrigo, a trave e as costas de Rogério Ceni, maldosamente, impediram. A situação, porém, já foi bem pior.
REAÇÃO
Não imagine a CBF que a pornográfica proposta de calendário para 2014, sem pré-temporada que se possa tratar como tal, ficará sem resposta.
O ronco das ruas ensinou mais do que a entidade é capaz de imaginar e uma forte reação de quem realmente interessa vem aí.
Assim, do dia para noite.
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