Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

O jogo do contente

O 0 A 0 no Castelão frustrou.

Frustrou tanto que à medida que o jogo correu a torcida mexicana, talvez 1/4 do estádio cearense, fez-se muito mais presente que a brasileira, embate que começou também em empate já nos hinos a capela.

Os mexicanos jogaram como prometeram, sem medo, com momentos de absoluta iniciativa no jogo disputado palmo a palmo, mais coração que técnica.

O melhor jogador em campo não foi nem Neymar, nem Peralta, nem David Luiz, nem Rafa Márquez, embora, desses quatro, só o artilheiro mexicano tenha ido mal, como seu parceiro de profissão, Fred.

O melhor jogador em campo foi mesmo o goleiro mexicano Guillermo Ochoa, 28, que defendia o Ajaccio francês e, atualmente, está sem clube. Ele pegou quatro bolas com o endereço da vitória brasileira.

Que efeito terá o empate? O efeito dos pés no chão, enquanto voam os alemães, os holandeses e os italianos, para não falar dos argentinos, que venceram modestamente a Bósnia.

Causará desalento na torcida baladeira do Brasil? Pode ser, mas o próximo jogo, contra Camarões, será em Brasília, com outro clima, outra expectativa. Fosse de novo em Fortaleza, aí sim poderia haver problema.

A seleção tem um jogo bem menos complicado contra Camarões que o México, rival da Croácia. O primeiro lugar do grupo segue bem encaminhado, mesmo que agora seja necessário administrar a frustração do Castelão.

Em 1958, o segundo jogo, contra a Inglaterra, terminou também sem gols. Em 1962, no bi, repetiu-se a história contra a Tchecoslováquia, 0 a 0 no segundo jogo.
Não foi bom, ficamos todos com gosto de cabo de guarda-chuva, mas também não foi o fim do mundo.

O pior é que alguma coisa estava no ar indicando que o jogo seria o que foi para esta seleção brasileira que é muito mais transpiração que inspiração.

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