Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Habemus campeonatum
Robson Ventura/Folhapress | ||
Técnico Carille acompanha partida do Corinthians |
O Corinthians chegou a estar, duas rodadas atrás, dez pontos à frente do Grêmio e alimentou um bando ansioso que decretou o time como campeão brasileiro.
Precipitação, é justo registrar, não compartilhada nem pelo técnico, nem pelos jogadores alvinegros.
A 13ª rodada tinha terminado com nova valiosa vitória corintiana sobre o Palmeiras na casa do rival, assim como já havia vencido o Grêmio, em Porto Alegre.
Melhor: os dois jogos seguintes seriam contra o Furacão em crise, na Arena Corinthians, e contra o Avaí na zona do rebaixamento, embora na Ressacada.
Seis pontos no papo era previsão razoável para, na pior das hipóteses, manter a diferença de uma dezena de pontos.
Dois um gol contra de Balbuena, em bola que sairia pela linha de fundo, empatou o jogo e roubou dois pontos do líder em casa. Outras duas bolas na trave tomaram mais dois pontos fora de casa.
Como o Grêmio fez duas vezes 3 a 1 contra Ponte e contra Vitória, no Rio Grande do Sul e na Bahia, os dez pontos viraram seis e o Brasileiro agradeceu permanecer tão vivo como, na verdade, já estava.
Dois tropeços do líder ainda invicto que Fábio Carille prefere contabilizar como dois pontos ganhos e não como quatro perdidos, num cálculo que será considerado realista caso o campeonato termine com o Corinthians heptacampeão -ou como jogo do contente caso o título escape.
Previsão 100% correta quem fez foi o treinador principal concorrente de Carille, o gaúcho Renato Portaluppi, ao projetar tropeços, suspensões e lesões para o líder, não como mau agouro, apenas por saber que time algum mantém quase 90% de aproveitamento como vinha sendo a campanha corintiana, na casa ainda excepcional de 82,2%.
Basta dizer que dois anos atrás, na campanha do hexacampeonato, o Corinthians conquistou o título com a maior pontuação da história do Brasileiro com 20 concorrentes e pontos corridos: 81, aproveitamento de 71,1%.
Carille não arreda pé de pensar jogo a jogo e de dizer que o campeão só será conhecido nas últimas rodadas.
A em curso, a 16ª, tem os dois líderes atuando fora de casa, o Corinthians hoje, no Maracanã, contra a garotada do Fluminense, e o Grêmio amanhã, no Morumbi, contra o desespero do São Paulo.
Se a diferença voltar a aumentar para nove pontos, voltarão os apressadinhos, que não se cansam de comer cru ou queimar a língua.
Se cair ainda mais, para três pontos, estará decretada a derrocada alvinegra, ainda mais sem Jadson por um mês, com duas costelas fraturadas.
Não se engane a rara leitora e o raro leitor: nem uma coisa, nem outra.
A maior vantagem corintiana está em ter apenas a Copa Sul-Americana para desviar sua atenção do Brasileiro -um consolo empobrecedor, mas um consolo.
O Grêmio tem a Libertadores e a Copa do Brasil para alimentar sua fama de copeiro; o Santos também está nas duas e em busca de ser o primeiro clube brasileiro tetracampeão do torneio continental; também o Palmeiras está em ambas e o Flamengo tem Copa do Brasil e Sul-Americana.
Portanto, corintianos, torçam para os rivais se darem bem o mais tempo possível. E não se apressem.
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