É secretária de Redação da sucursal da Folha em Brasília. Atuou como repórter na cobertura de temas econômicos. Escreve aos sábados.
Na lista de Janot, Padilha perde cacife para negociar nova Previdência
Jorge Araujo - 21.out.2016/Folhapress | ||
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha |
BRASÍLIA - A despeito do critério de corte definido pelo Palácio do Planalto para afastamento (só com denúncia) e demissão (só se virar réu) de ministros citados na Lava Jato, a manutenção de Eliseu Padilha à direita do presidente Temer é, para dizer o mínimo, incômoda.
O ministro da Casa Civil, conhecido como "Primo" nas planilhas da Odebrecht, é citado 45 vezes em delação premiada de ex-executivo da empreiteira. Claudio Melo Filho afirmou que R$ 4 milhões pagos pela empresa ao PMDB em 2014 ficaram sob responsabilidade do hoje ministro.
Nesta semana, "Primo" voltou de licença médica depois de 13 dias e não deu explicações sobre o episódio relatado por outro delator da Odebrecht e por José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Temer. Yunes diz ter sido "mula de Padilha" ao receber um pacote a pedido do peemedebista. "Qualquer fala agora é prejudicial. Ficarei quieto", disse o ministro. Silêncio constrangedor.
Padilha aparece confirmado na segunda lista de Rodrigo Janot. No Planalto, há quem acredite que o fato de estar acompanhado de outros cinco ministros e de dezenas de parlamentares e governadores ajude a diluir os efeitos e reduzir os estragos.
"Primo" é o principal avalista político-técnico da reforma da Previdência. Menções a seu nome são e serão acompanhadas de aposto —com versões variáveis para "enrolado na Lava Jato".
A divulgação do teor das delações e o avanço da investigação no STF fragilizarão de forma crescente o poder de Padilha à frente da negociação da reforma, impondo alto custo ao governo para delimitar concessões.
As resistências ao texto se ampliam e chegam a aliados no Senado. Aumentam as chances de aprovação da PEC somente no próximo semestre. Em outubro, o taxímetro da corrida eleitoral começa a rodar.
No momento em que parcela das ruas começa a gritar contra as mudanças na Previdência, é premente que Temer reveja sua linha de corte.
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