Meirelles quer boas reformas; para Temer, só dá para ter as reformas
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Parlamentares da oposição sobem no plenário da Câmara para protestar contra a reforma trabalhista |
BRASÍLIA -Na sala do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, há televisores conectados à Bloomberg que ficam constantemente exibindo os indicadores do mercado. Nesta semana, o ministro está em outro canal, o Congresso Nacional.
Para fora, Meirelles exibe seu habitual otimismo. Nos bastidores, ele manifesta preocupação. Das últimas sessões da Câmara dos Deputados, o ministro recebeu um péssimo sinal.
Os deputados detonaram um dos pilares do acordo de renegociação da dívida dos Estados que a equipe econômica gastou mais de um mês acertando com os governadores.
A Câmara votou pelo fim do aumento da contribuição previdenciária, uma das medidas impostas pela Fazenda como forma de aumentar as receitas e garantir o pagamento das parcelas da renegociação.
Sem contrapartidas, a equipe econômica não senta para fechar o acordo, caso o projeto passe desse jeito pelo Congresso. A esperança é de que a derrota seja revertida.
No radar de pessoas que são "olhos e ouvidos" de Meirelles no Congresso ainda existe a previsão de que o governo ceda ao que chamam de "pacote de maldades" em favor dos congressistas. Nele estão projetos como o de abuso de autoridade e o de anistia ao caixa dois.
Em troca, os parlamentares teriam de aprovar as reformas do governo com o mínimo de mudanças. Meirelles apresentou as propostas com a esperança de que o presidente Michel Temer tivesse força para passá-las dessa forma no Congresso.
O ministro não contava que, no limite, o governo pudesse ceder tanto. Na reforma previdenciária, as concessões já chegaram ao limite e as negociações nem sequer estão no Senado. Analistas já falam na necessidade de uma nova reforma em uma década.
Meirelles quer boas reformas. Temer quer as reformas. Essa diferença ficou clara para o ministro depois de uma reunião recente com o presidente. E é essa diferença que marcará o destino político de cada um.
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