Médico formado pela Escola Paulista de Medicina/Unifesp, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, onde foi diretor-clínico.
Escreve aos sábados.
Sangue tipo O e malária
Uma pesquisa médica já havia identificado, há alguns anos, maior resistência aos danos da malária provocada pelo Plasmodium falciparum nos portadores de sangue do grupo tipo O.
Agora, no último número da revista "Nature Medicine", um estudo descreve o mecanismo dessa proteção.
Dentre os vários agentes responsáveis pela malária, o P. falciparum provoca os casos mais severos.
Suchi Goel e colaboradores do Instituto Karolinska, Suécia, relatam que o parasita secreta polipeptídios (um composto de vários aminoácidos) que aderem na superfície dos glóbulos vermelhos sanguíneos infectados.
Esses compostos grudam de forma firme e estável nos glóbulos vermelhos do tipo A, interferindo na microvascularização, que passa a bloquear o fluxo sanguíneo. Com a deficiência de oxigenação, surgem danos cerebrais, coma e possível morte.
Nos portadores do sangue tipo O, a equipe sueca demonstrou que o polipeptídio cola fracamente na superfície dos glóbulos vermelhos, o que explica a resistência desses pacientes à malária provocada pelo P. falciparum.
No trabalho, intitulado "RIFINS are adhesins implicated in severe Plasmodium falciparum malaria", os autores demonstram o papel relevante desses compostos de aminoácidos no agravamento da doença e sugerem que eles contribuem para a variação na distribuição global dos grupos sanguíneos ABO na população humana.
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