É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.
No banho com Tite
Em um bar de São Paulo, na semana passada, fui atendido por um garçom que tinha um Tite gigante tatuado em seu braço. O Tite. Tatuado. No braço. Gigante.
Fiquei em choque. A gente sabe do que o fanatismo no futebol é capaz, principalmente entre corintianos, mas você dar de cara com o Tite quando acorda, ver o Tite ao tomar banho ou em qualquer outro momento íntimo, para o resto da vida, não deixa de me parecer bizarro, conquiste o que ele conquistar.
Bizarro por ser o Tite e por ser um técnico de futebol. Por exemplo, imagina se um palmeirense empolgado, no começo dos anos 00, tatuasse o Felipão. O mundo girou, Felipão voltou ao Palmeiras e encaminhou o time para a Série B.
Enfim, cada um, cada um. Mas o assunto "técnico tatuado" me levou a observar, por diversão, quais treinadores atuais do futebol poderiam ser imortalizados em alguma pele. Baseei-me em jogos recentes.
Tirando o encantado Tite, esqueça os treineiros dos grandes de SP. O extracampeão Muricy anda em fritura no Santos. O Ney Franco, do São Paulo, ouve de dirigente que o futebol do time é uma vergonha. E o Palmeiras não sabe se gosta ou não do Kleina porque ele é herança da diretoria antiga fracassada.
Lá fora um bom técnico para NÃO se tatuar no momento é o Rafa Benítez, do campeão europeu Chelsea, que vem sofrendo o mais entusiasmado pedido de "vá embora" dos últimos tempos. A transmissão inglesa do sábado, do jogo com o West Brom, foi iniciada mostrando a variedade de frases da torcida com o tema "Rafa Out", nome da campanha. Talvez os únicos com motivos para tatuar Benítez no corpo seriam são-paulinos e corintianos, em agradecimento pelos títulos mundiais oferecidos, primeiro com o Liverpool, depois com o Chelsea.
O famoso José Mourinho não seria uma boa em braço de torcedor do Real Madrid, apesar de ter solucionado o caso do "Barcelona imbatível". Primeiro porque ele quer ir embora logo mais, depois porque os jogadores também o querem fora. Falando em Barcelona, mesmo (ainda) sendo o melhor time do mundo não dá para tatuar a cara do técnico número 3 em ninguém, não?
Um torcedor mais maluco do Bayern teria motivo para tatuar o treinador Jupp Heynckes, que já foi campeão de muita coisa, deve ganhar a poderosa Bundesliga com o pé nas costas e está bonito na atual Champions League. Mas Heynckes se aposenta no meio do ano e em seu lugar vai assumir "só" o Pep Guardiola. Melhor guardar as tintas por algumas temporadas.
É italiano e quer matar dois coelhos? O grande Gattuso é jogador e treinador do Sion, da Suíça. Herói. Quer ser ousado? Espera a final do Gauchão para ver se o Dunga conquista com o Inter o primeiro título de clube de sua famoooosa carreira de dois meses. E daí que é título de primeiro turno? É o Dunga!
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