É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.
Vai embora, Tite
Quem não era corintiano e estava vendo pela TV o time do Tite passear contra a Ponte Preta no domingo, certamente se irritou com duas coisas: como o Corinthians consegue transformar um jogão pedreira numa partida sem graça de tão tranquila; e com a chata falação non stop do técnico, que vazava nos microfones da TV e atrapalhava até o narrador. Fala muito o Tite.
Segundo o treinador, chefe do melhor time brasileiro, sul-americano e, até que Marrocos diga o contrário em dezembro, do mundo, ele fica à beira do campo se esgoelando com os atletas porque isso é um modo de "jogar junto" com sua equipe.
Tite, no deserto de homens e ideias que é a função de treinador no Brasil, ou nesse "inferno astral" pelo qual passa a função, talvez tenha entregue um segredo seu e do time que os fazem tão superiores aos outros. O de que o Corinthians, desde o Brasileirão-2011, joga com 12.
Repare os outros técnicos de nome do país. Luxemburgo já ensaia o discurso de "Não temo a demissão" no Grêmio. Acompanhei um forte motim de gremistas no Twitter enquanto o time empatava com o São Luis pelo Gaúcho semana passada, em casa e com um homem a mais. Era como se gritassem "Luxemburgo não nos representa".
O Mano foi expurgado e sumiu. O Abel caminha com o timão do Flu em meio a uma relação bipolar da torcida com ele. Já o papa-títulos Muricy, assim-assim no Santos do Neymar, diz que pensa em parar a carreira. E tem o Felipão"¦ Cóf, cóf.
Sempre olhando para o Mundial 2014, torneio tão próximo de acontecer no Brasil para aumentar nossa responsabilidade de "país do futebol" e para o qual não temos um time perto de estar pronto, gostamos aqui de numa campanha para o que julgamos visar o bem da pátria de chuteiras.
Há tempos pedimos para o Neymar ir embora do país, a fim de que a "realidade europeia" lapidasse sua vocação de supercraque e nos entregasse algo para os visitantes temerem na Copa, além do "fator casa". Só que agora já é tarde.
Na verdade, do jeito que a coisa vai, está na hora de pensarmos além do Mundial do ano que vem. Para esta Copa, como vimos no festival de vaias que foi o último jogo contra o Chile, entramos oficialmente no modo "Seja o que Deus quiser" (e o que Espanha, Alemanha, Argentina, Holanda, Itália quiserem).
Então vamos logo para 14 de julho de 2014. E o que temos? O Tite!
Já com sondagem para ir treinar um europeu e viver o dia a dia do principal futebol do mundo, a gente pede desde já: "Vai nessa, Tite".
Vai armar uma arapucabilidade para vencer o Mourinho, falar titês com o figuraça do treinador do Borussia, ver de perto se o Guardiola bota volante ofensivo para agradar jornalista e tomar um vinho com o Sir Alex Ferguson em Old Trafford.
Vai e aguarde o telefonema do Rio para voltar.
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