É jornalista de cultura pop, editor do blog Popload, no UOL, colaborador da "Ilustrada", mas acha que no fim gosta mais de futebol do que de música.
Casemara
Oba! Depois de um sem-fim de amistosos pré-temporada, a bola está começando a rolar oficial para os grandes clubes da Europa. O Alemão já está em curso. Espanhol e inglês se iniciam no próximo final de semana. O Italiano, no dia 25.
Com eles, por um lado torto, começa de modo informal a Copa-2014 daqui, porque desses torneios de lá poderemos aplicar desde já alguns exercícios de futuro. Por exemplo...
Enquanto o badalado Neymar chegou magro e anêmico ao Barcelona, o Casemiro, de mesmos 21 anos, ex-volante do aflitivo São Paulo, surgiu em Madri gordo e sem festa, em janeiro.
Revelação do tricolor que surgiu impressionando, mas logo foi "espirrado" do Morumbi devido ao negócio com o Real, Casemiro pegou seu peso inapropriado e sua insolência e levou tudo para a Espanha. No São Paulo, tinha o apelido de Casemarra, dado por Luís Fabiano.
Lá, caiu direto no time B do Real Madrid, nem suplente do time A era. Nem apresentado oficialmente foi. Em seis meses, esqueceu a máscara, virou humilde, perdeu quilos.
Mourinho estava de olho nele, Ancelotti parece estar apaixonado por ele. Mesmo com todos os craques que o Real tem, Casemiro foi considerado, depois do bolão que jogou sábado contra a Inter de Milão, o grande nome dessa pré-temporada. O "El País" o chama de "Sensação".
Esperava-se uma ressurreição de Kaká, que nem está de todo mal. Mas Madri viu mesmo o nascimento de Casemiro. Isso porque nem é titular. Entrava durante os jogos e se valeu de contusões como a de Xabi Alonso, de quem provavelmente vai ser banco. A pergunta é: por quanto tempo? Vamos além no "exercício de futuro".
Existem pelo menos quatro modos de um jogador brasileiro ir parar na Europa: um é como Neymar, ídolo feito, entrando num timaço; dois é tipo o Bernard, na Ucrânia, ganhando um bom dinheiro mas podendo sumir na neve, como Taison e Willian; três é Paulinho, indo a um clube médio da Inglaterra, moral de titular de seleção, mas que ninguém vai exigir um título; por fim, como Casemiro, chegando humilde (o Casemiro!), para ir ganhando espaço.
É difícil o Bernard desaparecer na Ucrânia, ficar fora da Copa (ele que tirou a fama de Lucas de "reserva-titular") e o Casemiro emplacar uma convocação?
Imagina se o ex-tricolor vira titular do Real Madrid e o Paulinho não funcione e acabe na reserva no Tottenham do Villas-Boas. (Aliás, na "volância", a Inglaterra tem Paulinho, o Ramires renegado, Fernandinho ex-Atlético-PR no City, Lucas Leiva, que os ingleses não entendem como não serve a Felipão, Sandro, Anderson e, talvez, Luís Gustavo, que pode fechar com o Arsenal.)
Enquanto isso, o São Paulo deve estar fazendo um "exercício de passado", pensando o que seria ter hoje Casemiro, se tivesse achado jeito de tê-lo despertado da preguiça.
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