É jornalista e consultor na área de comunicação corporativa.
Os bons e os bárbaros
Tenho andado muito ultimamente.
De férias, percorri diversas cidades da Itália, país das minhas origens, onde busco cultura, conhecimento, gente. Agora estou em Berlim.
Vejo coisas que me ajudam a crescer como pessoa, aprendo, evoluo, o que a rigor deveria ser direito de todos. Mas não é, sorry...
Tenho sido feliz neste empenho, posto que as as pessoas têm sido muito generosas em me acolher, oferecer suas perspectivas, proporcionar a ampliação do meu parco conhecimento.
O que me faz pensar no quanto há de gentes de bem neste mundo. E ter orgulho de me incluir entre elas, eu os me meus.
Mas é em meio a esta jornada otimista que, no entanto, surge um pensamento muito ruim, triste.
Pela primeira vez na minha vida, primeira mesmo, aceito e desejo que alguém seja punido com a pena de morte.
Odeio isso, mas admito que sinto, senti.
Foi a incontrolável reação que me assaltou diante do atentado de Boston.
Raiva e indignação, morte a um desgraçado desses!
Penso: há algo mais pacífico, inofensivo do que uma corrida, uma maratona?
Explodir uma bomba na chegada de uma maratona equivale a virar um berço com um bebê dormindo, empurrar aquela senhorinha ali no trilho do trem, envenenar a água de uma escola infantil.
Inaceitável, cruel, indesculpável.
Que queimem no mais ardido dos infernos esses extremistas bárbaros que se guiam pela maldade e pela fé na iniquidade; que vazem pelo esgoto da sua sub-existência, existência mesmo sub que nunca mereceram.
Dói o coração escrever isso...
Imbecilizados que são, estes beócios jamais passarão perto do entendimento do que seja a arte, a cultura, a civilização que nos precede há centenas e anos e que nos dá rumo e da qual podemos, democraticamente, usufruir no mundo livre.
Ah, sei, a pobreza e o imperialismo aprisionam estes coitadinhos.
Não, Alá, bom e justo, não vai perdoá-los de jeito nenhum.
Danem-se, para não usar um palavrão bem mais adequado....
Que explodam junto com suas bombas e sua ignorância.
Vou visitar três museus fantásticos daqui a pouco, e daí?
Não há como deixar de pensar, ou infelizmente sentir, que toda a civilidade acumulada pela humanidade pode, de repente, ser absolutamente inútil.
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