É professor de história e deputado estadual do Rio. Presidiu as CPIs das Milícias, em 2008, e do Tráfico de Armas e Munições, em 2011. Foi candidato a prefeito do Rio em 2012.
Jogos vorazes
Faltam 52 dias para o início da Olimpíada, mas tomo a liberdade de me antecipar e sugerir a quem vier ao Rio um roteiro para entender o legado dos Jogos Vorazes realizados pelo PMDB e associados.
Comecemos pela cerimônia de abertura, no dia 5 de agosto, no Maracanã, cuja reforma custou R$ 1,2 bilhão. Em delação à Lava Jato, executivos da Andrade Gutierrez revelaram que o ex-governador Sérgio Cabral recebeu propina equivalente a 5% do valor total do contrato para deixar a empreiteira participar da disputa pela realização da obra.
No dia seguinte à abertura, a tocha olímpica será levada para a região portuária. A obra de revitalização do porto é um símbolo do PMDB do Rio e de como a gestão Eduardo Paes leiloa a cidade.
Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, Cunha, a quem o prefeito chama de primeiro-ministro, teria recebido R$ 52 milhões em propina da Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia, que integram o consórcio que administra o porto.
Não se sabe ainda se a linha 4 do metrô, que ligará a zona sul à Barra da Tijuca, onde fica o Parque Olímpico e a maior parte dos equipamentos dos Jogos, ficará pronta. A única certeza é de que os custos da construção, tocada pela Odebrecht, saltaram de R$ 5 bilhões para R$ 19 bilhões —aumento de 280%.
No caso do parque, o maior prejuízo é humano. Centenas de famílias que viviam por décadas na Vila Autódromo, comunidade vizinha, foram violentamente removidas pela prefeitura para a realização das obras.
Enquanto isso, Carlos Carvalho, dono da Carvalho Hosken, construtora responsável por esse e tantos outros empreendimentos, se tornou 13ª pessoa mais rica do Brasil. Nas eleições de 2012, a empresa doou R$ 650 mil para Paes e PMDB.
O Complexo Esportivo de Deodoro também é alvo de denúncias. Em 7 de junho, a Polícia Federal realizou operação para investigar suspeitas de fraudes que somam R$ 85 milhões. O consórcio que atua no complexo é formado pela Queiroz Galvão e OAS.
O PMDB transformou o Rio num balcão de negócios. O legado de um evento tão importante foi privatizado em benefício de um pequeno grupo de empresários que mantém negócios com o poder político e financia campanhas eleitorais.
Enquanto empreiteiras conquistam o ouro na cidade-sede dos Jogos Vorazes, escolas públicas continuam sem quadras poliesportivas, e atletas não têm onde treinar devido ao fechamento do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Julio Delamare pelo governo do Estado.
Minha crítica não é ao evento em si, mas à forma como ele foi organizado. A cidade de cimento da Lava Jato não pode engolir a cidade do sentimento olímpico.
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