É planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora do livro 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro'. Escreve às segundas.
A inflação é inimiga de suas finanças
O Brasil vive um período de inferno astral neste começo de ano, convivendo simultaneamente com duas crises, política e econômica.
A inflação, medida pelo IPCA, de 1,24% em janeiro e 1,22% em fevereiro, acumula 7,7% em 12 meses. A meta de inflação de 4,5% ao ano não é cumprida há um bom tempo e nem mesmo a banda de flutuação de dois pontos percentuais consegue manter a alta dos preços dentro do limite.
O remédio administrado pelo governo para combater a inflação é, mais uma vez, a elevação dos juros. A taxa Selic, no patamar de 12,75% ao ano, é uma boa notícia para quem tem dinheiro para investir, mas ruim para o setor produtivo da economia e para aqueles que precisam de crédito.
SEU BOLSO
O que você tem a ver com isso? Tudo a ver. Você já percebeu que não consegue mais comprar as mesmas coisas com a mesma quantidade de dinheiro? Pois esse é o efeito negativo da inflação sobre suas finanças. Perdemos poder de compra porque nosso salário não subiu tanto quanto os preços dos produtos e dos serviços que consumimos.
O que podemos fazer é apertar o cinto, reduzir ou cortar onde for possível, substituir itens da nossa cesta de consumo por outros, menos afetados pelo aumento generalizado de preços.
Como não podemos mexer nas contas essenciais, a saída é identificar excessos que podemos cortar. Sempre aprendemos alguma coisa com as crises; que esse aprendizado seja mantido e beneficie nossas finanças.
SEUS INVESTIMENTOS
Quem tem dinheiro aplicado precisa rever a carteira de investimento e avaliar se deve mudar alguma coisa. Quem ainda não saiu da caderneta de poupança, por exemplo, precisa pensar a respeito para tentar reduzir as perdas.
O problema da poupança é que sua rentabilidade é prefixada em 0,5% ao mês mais a variação da TR, distante da taxa de juros vigente. A rentabilidade acumulada em 2014 foi de 7,02%, ante 10,81% de taxa DI. Supondo o pagamento de 15% de Imposto de Renda, a taxa DI líquida foi de 9,18%. Significa dizer que o investidor deixou de ganhar mais de dois pontos percentuais no período de apenas 12 meses. É muita coisa! O que você pode fazer para proteger seu dinheiro?
O CDB-DI, por exemplo, é uma alternativa simples e descomplicada. O dinheiro fica no mesmo banco em que está a conta-poupança, e a natureza de risco do investimento (de crédito) não se altera. Nos grandes bancos de varejo, é possível aplicar, com liquidez diária, e receber cerca de 95% da taxa DI. Quanto maior o prazo e o capital aplicado, maior será a remuneração.
Quem tem horizonte de tempo mais longo e quer proteger seu dinheiro contra a inflação pode pensar no título público Tesouro IPCA, que paga a variação do IPCA, mais taxa de juros negociada no dia na compra. No dia 9 deste mês, o título mais curto, com vencimento em maio de 2019, podia ser comprado com juros de 6,44% ao ano!
Quem gosta de saber quanto vai ganhar podia comprar, na mesma data, o título Tesouro Prefixado com vencimento para 1º/1/2017 a 13,90% ao ano.
Os valores mínimos de aplicação são baixos, e os custos, também, se comparados a fundos de investimentos e planos de previdência privada, por exemplo. O preço oscila ao longo do tempo, mas a rentabilidade será exatamente a taxa de juros contratada para aqueles que carregam o título até o vencimento.
SUA VIAGEM
A alta do dólar atinge, com um tiro certeiro, o orçamento da viagem ao exterior que vem sendo planejada. Se a data está próxima e você ainda não comprou moeda estrangeira suficiente para as despesas, não há muito o que fazer. Talvez você possa reduzir o padrão da hospedagem, encurtar a estadia em um ou dois dias e conter a euforia de consumo na cidade de destino.
Para evitar que esse risco se repita, acumule o dinheiro (em reais) das próximas viagens em um fundo cambial ou compre a moeda estrangeira aos poucos, evitando que a alta repentina da taxa de câmbio inviabilize seus planos. Boa viagem!
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