Jornalista foi correspondente em Londres, editor do 'Folhateen' e de Fotografia e diretor da sucursal Rio.
Escreve às quintas.
Ministro da Justiça diz que só voto pode salvar os cariocas da violência
Renato Costa - 08.set.17/Folhapress | ||
O ministro da Justiça, Torquato Jardim |
RIO DE JANEIRO - Não é preciso ser ministro da Justiça, com acesso a informações privilegiadas, para saber que o crime se imiscuiu na polícia e na política fluminenses há muito tempo. Basta acompanhar a imprensa.
Torquato Jardim afirmou que comandantes de batalhões da PM são "sócios do crime". Surpresa? Eis uma notícia de 2012: "Após prisão de 59 PMs, comandante do batalhão de Caxias é substituído". Outra, de 2014: "'Próprio bandido é quem comanda batalhão', revela policial militar no RJ". Uma deste ano: "Comandante de batalhão é exonerado após operação contra o jogo do bicho na Baixada".
Mesmo sendo uma platitude, a manifestação do ministro foi absolutamente intempestiva. Qual sua intenção, derrubar o secretário de segurança? Preparar o terreno para uma intervenção federal no Estado? Mexer com os brios dos policiais e políticos honestos para que ajam contra os corruptos?
Ao apontar o dedo acusador para o Estado, o ministro também se esqueceu da imensa responsabilidade federal no caos da segurança pública. Ele criticou o vazamento de informações que tornou inócuas as operações recentes das Forças Federais no Rio. É verdade, mas o suspeito que foi detido até agora é soldado do Exército.
As drogas e os fuzis que estão nas mãos de traficantes não foram produzidos no Rio: chegaram contrabandeados por estradas, portos e aeroportos que são vigiados por órgãos federais, parte deles subordinada ao Ministério da Justiça. E o que dizer dos chefões do tráfico que seguem operando dentro de prisões federais?
Seu diagnóstico sobre os problemas do Rio está correto, ministro —mas isso qualquer carioca sempre soube. O que falta aqui não é gente para lembrar quão incompetente o governador é, quão corrupta a polícia pode ser.
Que solução o senhor propõe? "O Rio de Janeiro tem de consertar a si mesmo."
A maior novidade de sua fala foi deixar claro que os fluminenses não devem contar com os atuais governos federal e estadual do PMDB. "O grande desafio é (...) quando o carioca for às urnas eleger um novo governo, nova assembleia, novos representantes federais e concentrar autoridade e força onde hoje não existe." Torçamos para chegarmos vivos a 2019.
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