É senadora e ex-prefeita de São Paulo. Foi ministra dos governos Luiz Inácio Lula da Silva (Turismo) e Dilma Rousseff (Cultura).
Barata voa
Foi num clima de "barata voa", expressão que se usa para situações confusas e sem rumo, a resposta do Planalto nesta quarta-feira à marcha de domingo. Para combater a corrupção, acionaram-se a OAB, os líderes do Congresso, o Ministério Público, ministros...
O foco mais uma vez equivocado. Ninguém é contra as providências encaminhadas (algumas paradas na Câmara, como disse o presidente Eduardo Cunha), mas não são essas ações que vão estancar o sangramento da presidente.
Segundo o Datafolha do dia 18, Dilma tem hoje 62% de ruim e péssimo.
O "Estadão" revelou documento interno do Planalto resumindo a ópera: de um lado, Dilma e Lula acusados "por todos os males que afetam o País" e, de outro, a militância petista "acuada pelas acusações e desmotivada por não compreender o ajuste na economia". "Não é uma goleada. É uma derrota por WO."
O Datafolha aponta que 73% da população tomou conhecimento da divulgação dos nomes envolvidos na Lava Jato, índice elevado também no Norte (68%) e no Nordeste (72%). O povo acompanha, indignado, a roubalheira porque vê o dinheiro que falta no fim do mês ser desviado para a corrupção. Isso deixa os petistas atordoados e sem ação.
O partido está travado na defesa de seus quadros, não propõe uma nova política nem apresenta uma proposta para a nação. Está acéfalo.
Um dos termômetros mais fortes para fazer prognóstico é a expectativa de melhora que os indivíduos possam vir a ter. Segundo a atual pesquisa, 60% são pessimistas em relação à economia, 69% acreditam que o desemprego vai piorar. Isso se chama falta de confiança e credibilidade em relação aos dirigentes, mesmo que 61% queiram acreditar que não vão perder seu emprego.
As exigências para o "conserto" da economia serão duras e as pessoas não querem ouvir o discurso que a presidente tenta vender. Estranho é que o vazamento do Planalto já indicava a seriedade do momento, mas parece que lá ninguém entendeu o recado. É erro em cima de erro.
As respostas dos ministros Cardozo e Rossetto, que pareciam dois ETs, e, no dia seguinte, a inflexão do governo, tentando sair do espírito acusatório da véspera, foram ridículas. A presidente discursou falando mais do mesmo, e a derrapada no improviso foi feia: que indicassem onde faltava humildade para ela corrigir!
A situação de falta de autoridade é evidente e se deteriora, haja vista, não importando os motivos, o circo de Cid Gomes.
Falta uma resposta radical da presidente, à altura do que a nação exige e possa acreditar: verdade, humildade e uma mudança total na equipe que não corresponde. Barata voa.
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