painel das letras
por Maurício Meireles
Maurício Meireles é jornalista especializado na cobertura de literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura. Escreve aos sábados.
No apagar da luzes, livrarias resolvem dívidas com editora da Funarte
No meio das medidas aceleradas no apagar das luzes do Ministério da Cultura, acabou resolvido o problema antigo da editora da Funarte, uma das promessas de Francisco Bosco ao assumir a instituição em 2015. Conhecida pela qualidade de seus títulos, a editora não podia distribuí-los devido às dívidas que várias livrarias tinham com ela. O problema relegou ao ostracismo obras importantes como a do cronista e pesquisador musical Jota Efegê. Agora, os débitos estão quitados. "Não era má-fé [das livrarias], mas a própria dificuldade da Funarte em cobrá-las. O próximo passo é abrir uma chamada pública para livrarias interessadas nos títulos", diz Bosco.
No setor editorial, fica encaminhada a edição das obras completas do dramaturgo Plínio Marcos, organizada por Alcir Pécora. A Funarte pagou R$ 80 mil pelos direitos de 26 títulos. Ficam também encaminhados os nove volumes de uma coleção com o melhor do ensaio brasileiro -inspirada na coleção americana "Best American Essays of The Year", que chegou a ter como editores Gay Talese e Susan Sontag.
Retratos da fé
Um mandamento: publicarás livros de fundo religioso, mas não esquecerás os infanto-juvenis. É o que muito editor já sabe e vai aparecer na próxima edição da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", realizada pelo Instituto Pró-Livro, a ser divulgada no dia 18.
A Bíblia segue como o livro mais citado quando os pesquisadores perguntavam aos entrevistados qual a última obra lida. Em seguida vêm "Diário de Um Banana", de Jeff Kinney; "Casamento Blindado", de Renato e Cristiane Cardoso (filha do bispo Edir Macedo); e "A Culpa é das Estrelas", de John Green.
Os autores mais queridos são Monteiro Lobato, Machado de Assis, Paulo Coelho e Maurício de Sousa.
Nelson Cruz/Divulgação | ||
Ilustração de Nelson Cruz para 'O Goleiro dos Andes' (Galera Record), novo livro infantil de Antonio Skármeta, escritor de 'O Carteiro e o Poeta' |
Vestibular
Até que, para um poeta esquecido pelo leitor comum, Jorge de Lima vai bem. A Alfaguara inicia a publicação da obra completa do autor, que quase ficou órfão com o fim da Cosac Naify. Depois de 20 anos fora de catálogo, é a segunda vez que o modernista começa a ter sua obra reeditada num curto período.
Organizado por Fábio de Souza Andrade, professor de teoria literária da USP, que já estava à frente das reedições do autor de "Invenção de Orfeu" na Cosac, o primeiro lançamento é um volume com o livro "Poemas Negros" e outras poesias.
A situação de Jorge de Lima estava incerta após o fim da Cosac Naify, porque "Poemas Negros" está na lista de leituras obrigatórias do vestibular da Unicamp deste ano.
Exílio Está no prelo, pela Autêntica, "Mário de Andrade - Exílio no Rio" (1989), clássico de Moacir Werneck de Castro e primeiro livro a tratar da sexualidade do escritor modernista. Amigo de bar de Mário, Moacir escreveu que o autor tinha uma "difusa pansexualidade".
Exílio 2 A passagem de Mário pelo Rio é um período de tristeza em sua vida. Além de se irritar com a informalidade dos cariocas, ele mergulhou em uma depressão. Também foi um período de exploração de sua sexualidade, o que sempre tornou o período delicado para biógrafos.
Minha casa A Feira Plana passará a ter um centro cultural, no prédio O Farol, no centro de São Paulo, onde hoje fica o espaço Balsa. A Casa Plana, nome que o local receberá, abriu uma campanha de financiamento coletivo para segurar as pontas até aprovar o projeto na Lei Rouanet. No site "Catarse", os organizadores tentam levantar R$ 60 mil. Para ajudar, o endereço é catarse.me/plana.
Filosofia A Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha, adquiriu os direitos de "O Espírito do Judaísmo", obra do filósofo Bernard-Henri Lévy recebida com polêmica na França. O livro traz uma reflexão sobre ser judeu e o antissemitismo.
Vietnã A Alfaguara comprou os direitos de "O Simpatizante", que rendeu ao vietnamita Viet Thanh Nguyen o prêmio Pulitzer deste ano. A editora também adquiriu a sequência do romance, "The Committed" (o comprometido).
Livraria da Folha
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