Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Microsoft investe na produção do Xbox em Manaus
A Microsoft planeja utilizar a fábrica da Nokia, cuja divisão de celulares foi comprada pela multinacional americana no início deste ano, para produzir o aparelho de videogame Xbox em Manaus.
O console Xbox 360 é feito na capital amazonense desde o fim de 2011, mas por meio de um contrato com a Flextronics, que é especializada na manufatura de equipamentos para terceiros.
A Microsoft apresentou um projeto de investimento de US$ 52,1 milhões (cerca de R$ 120 milhões) na unidade industrial, segundo dados da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
O aporte será feito para diversificar a planta da Nokia, que hoje produz telefones celulares e smartphones. O projeto, já aprovado pelo conselho de administração da superintendência, prevê ainda a geração de 364 empregos.
Procurada, a Microsoft confirmou os dados do órgão federal, mas não deu outros detalhes do negócio.
No fim do ano passado, a nova geração do aparelho, o Xbox One, também foi incluída na linha terceirizada.
A Microsoft não informou se a produção na Flextronics será afetada em razão da utilização da planta própria.
O grupo americano finalizou em abril a compra da divisão de dispositivos móveis da Nokia, em um negócio de aproximadamente US$ 7 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões).
Em julho, a companhia anunciou que a reestruturação global para integrar as operações resultará em 18 mil demissões até 2015.
*
Aéreas gastam R$ 15 bilhões por deficiências em aeroportos
As quatro maiores empresas aéreas do país arcaram entre 2001 e 2013 com um custo adicional de R$ 15 bilhões, em valores corrigidos, apenas com combustíveis, pontua a Abear (associação que representa 99% do segmento).
O gasto ocorreu em razão da falta de espaço disponível nas pistas dos aeroportos para o pouso das aeronaves.
"Esse gasto não para de aumentar porque a melhoria na infraestrutura dos aeroportos demorou para sair do papel", diz Eduardo Sanovicz, presidente da entidade.
O setor não dispõe do tempo médio que as aeronaves têm aguardado para pousar.
Nos últimos dez anos, o gasto a mais das empresas aéreas por conta do problema saltou de 6% para 28%, afirma a entidade.
No país, o custo do querosene já representa 40% do valor de uma passagem aérea.
"O preço do combustível é mais caro no Brasil em relação à média mundial por conta do ICMS e do peso de outros tributos", diz Sanovicz.
"A infraestrutura aquém da ideal e o custo elevado do combustível dificultam a integração da malha aérea", complementa o executivo.
A aviação nacional é a terceira maior do mundo, com 100 milhões de passageiros.
*
Doce café
Conhecida pelos chocolates finos, a marca Kopenhagen tem visto um artigo sem cacau na receita impulsionar o seu faturamento.
O café servido nas lojas responde por 20% do resultado de toda a rede. Essa parcela subiu quase 70% nos últimos três anos.
"Não temos nenhum outro produto que, isolado, represente essa fatia do nosso faturamento", afirma Renata Moraes, vice-presidente do Grupo CRM.
A marca lançou recentemente um alfajor pensado para o público que frequenta os cafés das unidades, com o objetivo de alavancar o tíquete médio, que hoje é de R$ 16 na cafeteria, enquanto na loja é de R$ 38.
"O cliente que consome bebidas prontas se permite ficar mais tempo nos pontos de venda e isso contribui para aumentar o seu consumo, com itens da cafeteria ou com produtos da loja", afirma Renata Moraes, vice-presidente do Grupo CRM.
Na Brasil Cacau, marca da companhia para a classe C, o café, por sua vez, divide espaço meio a meio com o fondue, servido na cafeteria.
"O perfil é diferente. O tíquete médio do café é de R$ 5 e nas lojas, R$ 15", conclui.
R$ 1 bilhão
é a projeção de faturamento do grupo para este ano
30%
é o crescimento previsto para 2014, em relação a 2013
1.000
serão as lojas no final de 2014
*
Bolso fechado
O índice de intenção de consumo das famílias brasileiras em agosto em relação a julho fechou em 120,8 pontos –apenas 0,2 a mais do que o registrado no mês anterior, segundo a CNC (entidade nacional do comércio).
Desde junho, o indicador mantêm-se estagnado, com uma sequência de aumentos mensais de 0,2 pontos.
Apesar de pífio, o desempenho do índice no mês é mais expressivo do que o dos primeiros cinco meses deste ano. Quanto mais próximo de 200, maior é a probabilidade de consumo.
"A pressão da inflação caiu nos setores de alimentos e serviços, que demandam maior fatia do orçamento das famílias. E isso tem segurado o indicador no 'azul'", diz Juliana Serapio, economista da confederação.
Entre as cinco regiões, as famílias do Norte e Nordeste disseram estar mais dispostas a gastar.
"A Copa alavancou a construção civil nessas localidades que receberam mais investimento", explica Serapio.
Dentre as categorias do índice, o acesso ao crédito obteve a maior queda, de 2,8%, em relação a julho.
*
O que estou lendo
Alexandre de Saint-Léon, CEO da consultoria Ipsos Brasil, acaba de ler o último livro de Milan Kudera, "A Festa da Insignificância" (ainda não traduzido para o português).
O executivo, porém, prefere outra obra do escritor tcheco naturalizado francês.
"Fiquei decepcionado com este, que não é tão profundo", diz. Para ele, o melhor trabalho do autor é "A Imortalidade". "É um dos poucos livros que você pode ler várias vezes -já li quatro."
Saint-León destaca, entre outros aspectos, a arquitetura da obra. "É genial, não se consegue parar de ler."
com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS e ISADORA SPADONI e DHIEGO MAIA
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade