Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Venda do setor calçadista para a Argentina cairá 30%
As exportações brasileiras de calçados para a Argentina deverão fechar o ano com uma queda de 30% na comparação com 2013. O país é hoje o segundo principal destino dos embarques do setor, atrás dos Estados Unidos.
Entre janeiro e outubro, foram enviados ao vizinho US$ 71 milhões (cerca de R$ 183 milhões) em sapatos. A projeção da Abicalçados (que representa a indústria) é que esse número chegue a US$ 85 milhões até o fim deste mês. Em 2013, foram US$ 121 milhões.
Enquanto as vendas brasileiras recuam, as asiáticas, principalmente as chinesas e as vietnamitas, permanecem com boa performance.
No ano passado, elas alcançaram US$ 164 milhões. A expectativa é que registrem uma alta de 9,76% em 2014.
Editoria de Arte/Folhapress |
"Podem falar que é questão de preço. Mas, se isso fosse verdade, os argentinos não colocariam restrições ao nossos produtos", afirma o presidente-executivo da entidade, Heitor Klein.
No fim de setembro, cerca de 370 mil pares brasileiros, o que equivale a US$ 6 milhões, estavam retidos na alfândega aguardando licença para entrar no país.
"Entendemos que, por causa do apoio que a China dá em financiamento e investimentos diretos para a Argentina, há um beneficiamento aos asiáticos", diz.
"Nem nos preocupamos muito mais com isso. Não há perspectiva de solução. E não são só as barreiras, mas também tem a questão financeira argentina."
Na última segunda-feira (1º), o Ministério do Desenvolvimento divulgou que a demanda argentina por produtos brasileiros em geral recuou 27% no acumulado do ano até novembro.
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Grupos brasileiros de TI exportam menos que média da América Latina
A parcela de empresas brasileiras de TI (tecnologia da informação) com vendas para outros países é inferior à média da América Latina, segundo a Assespro (associação que representa o setor).
No Brasil, 17% dos grupos do segmento realizaram neste ano negócios com companhias estrangeiras. Na média latino-americana, a fatia sobe para 58% do total.
Editoria de arte/Folhapress |
"O mercado interno brasileiro é muito atrativo para as empresas nacionais. A maioria acaba ficando limitada à região onde está sediada", afirma Roberto Carlos Mayer, vice-presidente da entidade.
Há entraves que também dificultam o comércio exterior, como o sistema tributário complexo do país, de acordo com o executivo.
A pesquisa mostrou ainda que 20% dos grupos brasileiros não fizeram investimentos neste ano, principalmente por causa do desempenho econômico mais fraco.
"É uma situação de risco, principalmente em um setor que depende muito de inovação", afirma Mayer
Foram consultadas para o estudo 814 empresas em 18 países da América Latina.
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Expansão em espera
O desempenho pífio do varejo e da economia brasileira fizeram a marca de roupas Mob paralisar temporariamente o seu projeto de expansão.
Neste ano, nenhuma unidade da grife foi aberta. Em 2012, a companhia planejava ter 60 lojas até 2016. Hoje, são 32 pontos em operação e apenas duas inaugurações programadas.
"O panorama mudou muito nesses últimos dois anos", afirma o sócio da marca Marcelo Dib.
Zé Carlos Barretta - 23.jul.12/Folhapress | ||
Marcelo Dib, sócio da marca |
"Estamos esperando para ver se a economia entrará no eixo, mas o cenário, com juros subindo, inflação alta e volta de impostos para segurar o rombo [deficit fiscal], não é bom."
Para compensar o adiamento do plano de ampliação da cadeia de lojas, a empresa está focando na venda para multimarcas.
Nos últimos 18 meses, abriu 13 escritórios pelo país para facilitar o comércio com lojistas.
"O crescimento no atacado é mais fácil, porque depende menos de investimentos", acrescenta.
Hoje, esse canal representa 30% do faturamento da companhia. A meta é superar 50% em dois anos.
A marca projeta crescer cerca de 10% neste ano, sem descontar a inflação.
400 é o número aproximado de funcionários da grife
25% foi a alta no faturamento do segmento do atacado entre agosto e novembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2013
2 lojas da grife serão abertas em 2015, uma em São Caetano do Sul (SP) e outra em Fortaleza
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Táxi financiado
Quase 4.300 taxistas de todo o país contrataram, nos dez primeiros meses deste ano, R$132,8 milhões de uma linha de crédito específica do Banco do Brasil voltada para financiar a renovação de veículos da categoria.
Os desembolsos do "FAT Taxista" neste ano são 27% maiores do que os do mesmo período de 2013.
"Em 2014, a Copa do Mundo foi um estímulo sazonal que forçou mais profissionais a investirem em um carro novo", afirma Edmar Casalatina, diretor de financiamentos da instituição.
Para contrair o crédito, o taxista precisa comprovar que tem autorização do poder público para exercer a função. São liberados para cada um até R$ 60 mil, que podem ser parcelados em 60 meses.
"O recurso da linha de crédito é do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador] e, por isso, a taxa de juros é de 0,75% ao mês, duas vezes menor que a praticada no mercado", afirma Casalatina.
Desde 2009, a linha atendeu 16 mil profissionais. O Itaú, a Caixa e o Bradesco não dispõem de financiamentos específicos para taxistas.
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Véspera... As vendas do segmento atacadista de tecidos cresceram 6,5% no Estado de São Paulo em novembro na comparação com outubro.
...de Natal A alta é reflexo das vendas que antecedem o Natal, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuários e Armarinho.
Estande... A edição 2015 da Feira do Empreendedor, do Sebrae-SP, prevê gerar R$ 5,6 milhões em negócios.
...paulista O volume é 15% maior do que o obtido neste ano. A feira será em fevereiro e terá 400 expositores.
com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e DHIEGO MAIA
Livraria da Folha
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