Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Cai o número de empresas autuadas por falta de FGTS
Em 2015, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) auditou um número menor de empresas que não recolheram o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos seus funcionários do que em anos anteriores.
O volume de dinheiro que deveria ter sido depositado e não foi chegou a R$ 2,23 bilhões, o que representa 15% a menos do que em 2014.
A vigilância menos intensa acontece porque há um número menor de auditores, diz Luiz Henrique Lopes, diretor de fiscalização do MTE.
"Se tivéssemos mais 5.000 auditores, o resultado triplicaria. No meio rural, nossa atuação caiu porque não temos perna para chegar."
As empresas fiscalizadas empregam quase 10 milhões de pessoas. Em 2014, eram mais de 14 milhões.
Os auditores adotaram a estratégia de buscar empresas maiores e abandonaram a fiscalização dos negócios de menor porte.
"Fazemos cruzamentos com a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), pois nela o empregador informa a massa salarial e quantos empregados tem. Traçamos uma estimativa de quanto ele desembolsaria com o FGTS e quanto ele recolheu de fato."
Após as notificações, R$ 271 milhões foram depositados no fundo. Isso representa 10% do total devido.
A quantidade não depositada identificada deverá ser maior em 2016, afirma Lopes. "Será um ano de resultados significativos. Com a crise, a tendência é que a falta de recolhimento cresça."
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FALTOU PREVENÇÃO, DIZ NOBEL
Para se prevenir contra a recessão, empresas e agentes econômicos brasileiros deveriam ter comprado ativos no exterior, quando os preços das commodities estavam altos, e liquidar agora, com cotações em baixa.
A afirmação é do Nobel de economia Edward Prescott, vencedor de 2004.
No estudo pelo qual ficou conhecido, ele afirma que políticas econômicas dificilmente alcançam metas sociais, pois o planejamento não consegue prever o comportamento dos agentes.
Prescott desenvolveu também um cálculo econométrico para determinar a tendência de preço de um ativo descontando variações momentâneas.
Em 2015, as quedas de minério de ferro, soja e petróleo fizeram com que o Brasil deixasse de ganhar US$ 34 bilhões (R$ 136 bilhões) de acordo com o Mdic.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
Edward Prescott, economista norte-americano vencedor do Nobel |
REDUZIR BARREIRAS
Agora, a saída está em políticas microeconômicas, segundo o Nobel.
"O Brasil deve criar um ambiente econômico para fortalecer a produtividade no setor industrial. Isso significa reduzir barreiras de entrada para novas empresas", diz.
"Algumas dessas vão ser bem sucedidas e trazer algum saldo social positivo."
Na prática, afirma ele, o trabalho do governo é reforçar contratos e deixar o mercado funcionar. "Negócios ineficientes devem morrer, e os eficazes, se expandir."
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FANTASIA FISCAL
Quem beber caipirinha no Carnaval deste ano vai pagar 64,25% de impostos.
Entre os produtos cujo consumo aumenta durante o feriado é o que tem a maior carga tributária, segundo a consultoria BDO.
Em seguida, vêm a cachaça (59,25%), o confete (54,25%), a bexiga (47,25%), a buzina a gás (46,10%) e o colar havaiano (39,25%).
Outro produto de alto consumo durante a festa, a cerveja, tem 39% de impostos embutidos no preço.
O ingresso para quem vai assistir aos desfiles de escolas de samba tem carga tributária de 14,25%.
IMPOSTÔMETRO - Carga tributária no Brasil*
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PAPEL MAIS CARO
A Abigraf (entidade do setor gráfico) tenta evitar a alta de 24% no preço do papel para impressão, proposto para valer a partir de fevereiro.
A entidade enviou cartas com o pedido, uma à Ibá (que representa empresas de papel) e outra à Andipa (distribuidores), de quem quer apoio.
"A expectativa é tentar terminar o ano com queda de 1% ou 2% no faturamento. Se houver o choque de preços, podemos perder até 20%", diz Levi Ceregato, da Abigraf.
Em nota, a Ibá disse que não poderia se manifestar, por questões de compliance. Já a Andipa respondeu "que o aumento agora é preocupante".
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QUANDO MENOS É MAIS
O número de franquias subiu 7% em 2015 no país, com 15.515 novas unidades, enquanto o volume de marcas franqueadoras expandiu 6,2% no ano.
A evolução, no entanto, não demonstra maturidade, afirma Marcos Rizzo, da consultoria Rizzo Franchise, responsável pelo levantamento.
"Entre as novas unidades, 40% são de marcas sem nenhuma experiência, que nem sequer se consolidaram e já começam a crescer."
O setor que teve mais marcas em expansão foi o de saúde e beleza, com 13,4%, seguido pelo de alimentação fast food, com 13,3%.
As franquias da moda, como paleterias ou lojas de cupcakes, por exemplo, são responsáveis por uma grande parte desses lançamentos pouco planejados, afirma ele.
Para este ano, a previsão de Rizzo é de um novo aumento, entre 5% e 8%.
"Quem perde o emprego sempre pensa em abrir um negócio, mas isso não quer dizer que este terá sucesso."
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No ar...
A agência de viagens da Azul vai entrar no mercado de cruzeiros. Ela venderá pacotes de turismo que incluem voos para os EUA e passagens em três navios da Royal Caribbean que fazem paradas em ilhas do Caribe.
...e na água
A ideia é incrementar as viagens internacionais, que estão mais caras com a alta do dólar. A empresa começou a oferecer voos que saem de Campinas com destino a três cidades da Flórida no fim do ano retrasado.
Tesouro no mar
A Royal Caribbean anunciou a encomenda de um transatlântico que deverá lançar em 2020. O investimento é de R$ 7,5 bilhões. É o quinto navio que ela deverá estrear até lá. Somados, custarão R$ 33,6 bilhões.
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HORA DO CAFÉ
Alves | ||
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA e MÁRCIA SOMAN
Livraria da Folha
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